A amnistia Internacional diz que a situação no Norte de Moçambique "é dramática e está fora de controlo".

"Há muitas famílias separadas, muitas mulheres e crianças que não sabem dos seus maridos e pais. Homens que não sabem das esposas e filhos", relata o presidente da secção portuguesa da Amnistia Internacional à Renascença.

Pedro Neto diz que, na sequência dos ataques à Vila de Palma, milhares de pessoas estão a chegar a Pemba. O que constitui um desafio: "Não há infraestruturas de apoio capazes de acolher este grande número de pessoas."

Ouvido pela Renascença, minutos depois de um novo contacto para a região de Cabo Delgado, o responsável revela que "há pessoas que estão a chegar a Pemba por meios próprios e outras estão a chegar de barco, ou mesmo em 'ferries' organizados pela petrolífera francesa Total".

"Também é urgente um reforço da ajuda humanitária para apoiar estas pessoas que deixaram tudo para trás", assinala Pedro Neto.

A Amnistia Internacional entende que esse reforço também é fundamental "para mais à frente ajudar ao controlo do território e à estabilização da paz e promover o investimento público, para que as pessoas possam sair da pobreza, ainda que vivam num sítio riquíssimo em termos naturais".

Ajuda portuguesa e internacional tardou


Pedro Neto considera "pertinente" o facto de o conflito ter ganhado a visibilidade necessária nos últimos dias, apesar da instabilidade na região de Cabo Delgado já ter mais de três anos.

Para o responsável, o facto de pela primeira vez terem morrido cidadãos estrangeiros nos ataques da semana passada em Palma pode ter ajudado ao despertar da comunidade internacional.

Para a Amnistia Internacional, a situação em Cabo Delgado "já era urgente há muito tempo", pelo que, "apesar dos limites da diplomacia, Portugal demorou tempo a reagir".

"Só depois de um pedido de um comissário europeu é que o nosso ministro dos negócios estrangeiros foi a Moçambique, em Janeiro, e na altura falou da urgência da situação"; sublinha Pedro Neto, que conclui com um alerta para que haja “mais cooperação e mais diálogo entre os governos para que haja esta solidariedade internacional".