Ainda que o Natal se tenha tornado uma festa “encantadora e universal, até para quem não acredita”, o Papa recordou esta quarta-feira aos cristãos que “o Natal é um acontecimento decisivo, um fogo eterno que Deus acendeu no mundo, e não pode ser confundido com coisas efémeras”.

Por isso, não pode ser “reduzido a uma celebração meramente sentimental ou consumista, rica de prendas e bons votos, mas pobre de fé cristã, incapaz de compreender o núcleo incandescente da nossa fé, que é o seguinte: ‘E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14)’. Esta é a verdade do Natal.”

Na sua habitual catequese da quarta-feira, transmitida online a partir da biblioteca do Palácio Apostólico, Francisco deixou ainda um convite “que está ao alcance de todos: meditar um pouco em silêncio diante do presépio”.

O Papa acrescentou: “Na escola de São Francisco de Assis, podemos tornar-nos um pouco crianças, permanecer em contemplação da cena da Natividade e deixar que renasça em nós o espanto pelo modo maravilhoso como Deus quis vir ao mundo. Peçamos a graça do espanto diante deste mistério desta realidade tão terna, tão bela, tão próxima dos nossos corações, peçamos ao Senhor a graça do espanto, para O encontrar, para nos aproximarmos d’Ele e de todos nós.”

E, sobre a importância da ternura, o Papa argentino contou um episódio: “No outro dia, falei com alguns cientistas sobre inteligência artificial e robôs. Há robôs programados para tudo e cada vez mais… e eu perguntei-lhes: existe alguma coisa que os robôs nunca poderão fazer? Eles pensaram, conversaram e, no final, chegaram a acordo numa coisa: a ternura”.

“Disto, os robôs nunca serão capazes. Mas é isto que hoje nos conduz a Deus, no modo maravilhoso como Deus quis vir ao mundo. E isto faz nascer em nós a ternura humana que está próxima da ternura de Deus. E hoje temos tanta falta de ternura! Tanta falta de carícia humana, face a tantas misérias.”

O Papa Francisco concluiu: “Se a pandemia nos obrigou a estar mais distantes, Jesus, no presépio, mostra-nos o caminho da ternura para estarmos próximos, para sermos humanos. Sigamos este caminho. Bom Natal!”