O cessar-fogo temporário entre Israel e o Hamas, agendado para ter início esta quinta-feira, “é apenas uma trégua para haver troca de reféns por prisioneiros e permitir a entrada de alguma ajuda humanitária na Faixa de Gaza”, afirma o major-General Carlos Branco à Renascença.

O especialista em assuntos militares acredita que “não vai conduzir a uma iniciativa diplomática visando o fim do conflito”.

Após a pausa anunciada para os próximos dias, o Major-General diz que vão voltar os combates.

“Falo no emprego da força aérea na perspetiva tática de apoio à infantaria que se encontra a combater no norte da Faixa de Gaza. As forças israelitas encontraram aí bastante resistência por parte do Hamas, mas ainda não entraram verdadeiramente na cidade de Gaza. Por outro lado, não podemos dizer que o Hamas esteja derrotado. Ainda continua a lançar foguetes sobre cidades israelitas”, declara.

O especialista admite que, tanto o Hamas, como o exército israelita, podem aproveitar a ocasião para se reorganizarem.

“As partes vão procurar utilizar esta trégua para tomarem posições, para beneficiar taticamente, sobretudo nas situações em que estarão numa situação mais difícil. É algo que ocorrerá de ambos os lados e sabemos antecipadamente que vai acontecer”, aponta.

O Major-General Carlos Branco diz ainda acreditar na boa-fé que esteve na base deste acordo, no entanto, alerta que não está isento de riscos.

“Podem existir ações individuais e fora da cadeia de comando que venham precipitar determinado tipo de comportamento e determinado tipo de ações”, afirma.

Apesar disso, Carlos Branco sublinha que ambas as partes têm mais a beneficiar com o acordo do que com uma eventual suspensão.

No entender do especialista em assuntos militares, o cessar-fogo temporário agora alcançado fica a dever-se essencialmente à pressão interna junto do governo de Benjamin Netanyahu, por parte das famílias dos reféns, para além da pressão feita pela comunidade internacional.

Foi decretada uma trégua de quatro dias entre Israel e o Hamas, a partir das 10h00 locais (08h00 em Lisboa), desta quinta-feira. Em simultâneo, a trégua deve permitir a entrada de camiões com ajuda humanitária e combustível.