Dos primeiros computadores que chegaram no fim do primeiro período para os alunos que beneficiam da ação social escolar, o agrupamento de escolas Frei Gonçalo de Azevedo, no concelho de Cascais, recebeu pouco mais de metade.

“Foram previstas para esta primeira fase da escola digital a atribuição de computadores a 485 alunos, mas só recebemos 299, ou seja 62%. E estamos a falar de alunos do escalão A e B do primeiro ciclo ao secundário”, revela o diretor da escola, David Sousa, em declarações à Renascença.

Na contagem decrescente para o arranque, já na segunda-feira, de um novo período de aulas não presenciais, a escola voltou a fazer um levantamento das necessidades.

O diretor confessa que todos os dias recebe emails de pais a informarem que não têm computadores para os filhos acompanharem as aulas.

“Temos neste momento 325 alunos sem computador”, remata David Sousa, que acrescenta que a escola e a Câmara de Cascais estão a tentar resolver esta situação.

“Não podemos ter alunos de 10 anos durante 8 horas à frente de um computador"

O agrupamento Frei Gonçalo de Azevedo integra seis escolas com alunos desde o pré-escolar até ao ensino secundário, num total de perto de dois mil alunos.

Logo no arranque do ano letivo, em setembro, a escola adotou um plano de retoma das aulas presenciais que assentou na avaliação que foi feita pelos pais e pelos alunos, e que previa já uma componente com meios digitais para preparar a escola para a possibilidade de alunos ficarem infetados e terem de ficar em isolamento.

Agora, com os estabelecimentos de ensino encerrados, a escola definiu um plano que privilegia o trabalho autónomo dos alunos associado a aulas síncronas, ou seja, que acontecem em direto através dos meios digitais.

“Os professores fazem uma planificação semanal que tem em conta o horário que a turma tinha em ensino presencial. É aqui que vão ser lançados os recursos e as tarefas que os alunos devem fazer”, conta o diretor do agrupamento Frei Gonçalo de Azevedo.


Nesta escola, o conselho pedagógico decidiu que haveria uma sessão síncrona por semana e por disciplina, mas nos ensinos secundário e profissional essas sessões vão aumentar.

“Não podemos ter alunos de 10, 12 anos de idade durante oito horas à frente de um computador, porque não tem qualquer eficácia”, conclui o diretor David Sousa.

A escola vai acompanhar de perto o trabalho dos alunos. Todas as semanas há reunião com a diretora de turma e quinzenalmente uma reunião com os pais para se fazer uma avaliação do que trabalho que está a ser feito.

David Sousa reconhece que, desta vez, o ensino à distância é mais um desafio pedagógico do que tecnológico.


Nesta escola foi feita uma gestão diferente dos currículos e vai ser valorizada avaliação formativa.

“É uma grande mudança nas escolas que o ensino à distância trouxe, são novas aprendizagens quer do ponto de vista dos currículos que vão ficar para o futuro”, conclui David Sousa.

O ensino à distância é retomado na segunda-feira, 8 de fevereiro, depois de as aulas terem sido suspensas a 22 de janeiro, devido ao avanço da pandemia de Covid-19.

O Governo aprovou, na quinta-feira, a "compra imediata" de 15 mil computadores em vésperas do regresso ao ensino à distância, avançou o Ministério da Educação. O investimento está orçado em 4,5 milhões de euros.

O gabinete do ministro Tiago Brandão Rodrigues adianta que está a fazer todos os esforços, junto dos fornecedores, para que “a entrega de 335 mil computadores já comprados aconteça dentro dos prazos contratualmente previstos”.