O governador de Nova Iorque anunciou esta terça-feira a demissão. Andrew Cuomo está envolvido num caso de alegado assédio sexual sobre pelo menos 11 mulheres.

"Dadas as atuais circunstâncias, a melhor maneira de eu ajudar é deixando o cargo e deixar o governo governar. É isso que vou fazer porque trabalho para vocês e fazer o que é certo é a coisa certa a fazer", declarou o democrata Andrew Cuomo.

A democrata Kathy Hochul vai agora ocupar o cargo e será a primeira mulher a governar o estado de Nova Iorque.

"É uma questão de vida ou morte. As operações do governo e o desperdício de energia numa distração são a última coisa que o governo deveria ser", disse Andrew Cuomo, de 63 anos.

O governador demissionário considera que "não pode ser a causa" de distrações e de problemas naquele estado norte-americano.

"E eu amo Nova Iorque e amo vocês. Tudo o que fiz foi motivado por esse amor e nunca iria querer ser inútil de forma alguma", afirmou Cuomo.

Apesar de continuar a negar algumas das acusações mais graves, Andrew Cuomo admitiu que ofendeu algumas das alegadas vítimas.

"Na minha cabeça, eu nunca tinha pisado a linha com alguém", disse o governador, "mas acabei por perceber o quanto as linhas tinham sido redesenhadadas. Há mudanças culturais e geracionais às quais não dei o devido valor e devia ter dado. Não tenho desculpa".

Perante as alegações de assédio sexual sobre várias funcionárias e ex-funcionárias, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já tinha pedido a demissão do governador de Nova Iorque.

Um relatório de 169 páginas, revelado pela procuradoria de Nova Iorque, elaborado tendo por base milhares de documentos (textos e fotografias), concluiu que Cuomo promovia um “ambiente de trabalho hostil”, de “medo e intimidação”.

“Essas entrevistas e evidências revelaram um quadro profundamente perturbador, mas claro: o governador Cuomo assediou sexualmente várias mulheres, incluindo funcionárias e ex-funcionárias estaduais, violando legislação federal e estadual”, disse a procuradora-geral, Letitia James, durante a apresentação do relatório.

O governador e os membros da sua equipa terão também adotado “medidas de represálias dirigidas a pelo menos uma funcionária por ter testemunhado”.

Antes do anúncio de demissão do governador de Nova Iorque, a advogada de Andrew Cuomo, Rita Glavin, voltou a defender o seu cliente e reiterou que este era inocente.

"Acho que devemos acreditar em mulheres e tratá-las com justiça. Também acredito que devemos acreditar em homens e tratá-los com justiça. Todas as pessoas merecem isso. O governador também merece ser tratado com justiça e isso não aconteceu", afirmou.