Equipas de resgate e socorro voltaram, nesta sexta-feira, aos escombros das explosões que destruíram o porto de Beirute e grande parte da cidade no dia 4 de agosto. Missão: encontrar sobreviventes.

É o segundo dia que especialistas chilenos e libaneses regressam ao local da tragédia. Na quinta-feira, os sensores térmicos utilizados e os cães farejadores detetaram sinais de pulso e respiração sob os escombros de um prédio no distrito de Gemmayze.

"A máquina está a indicar que há uma pessoa viva, um batimento cardíaco, e o cão está a dar conta de um cadáver. Essa é a teoria”, afirmou um voluntário libanês que colabora nas operações.

“Agora, vamos em busca da certeza”, acrescentou Mansour Al Asmar, citado pela agência Reuters.

Escavadores mecânicas levantaram pedaços de cimento, alvenaria e vigas de aço, enquanto os trabalhadores usavam pás e as mãos para cavar.

Vários moradores concentraram-se nas proximidades, na esperança de verem alguém ser descoberto com vida, pudesse ser encontrado.


Timour Azhari é um correspondente da Al-Jazeera em Beirute. Através da sua conta no Twitter, relata como estão a decorrer as operações.

“É importante que as famílias possam encontrar paz”, afirma Mohamed Houry, de 65 anos, desejando que, se não sobreviventes, que sejam encontrados os corpos.

Gemmayze e o distrito vizinho de Mar Mikhael são as áreas mais atingidas pela explosão de 4 de agosto no porto da capital libanesa, causada por grandes quantidades de nitrato de amónio mal armazenado e que matou, pelo menos, 182 pessoas. Mais de seis mil ficaram feridas.

A população foi rápida a reagir, mas o Governo nem tanto. E as críticas fazem-se ouvir, até porque o país já estava mergulhado numa crise económica e política, que só piorou.

"O Governo está completamente ausente", afirma Stephanie Bou Chedid, voluntária de um grupo de ajuda às vítimas da explosão, citada pela agência Reuters.

Segundo a Presidência do país, o Presidente, Michel Aoun, acompanhou a operação de resgate através do telefone.

A explosão destruiu muitos prédios antigos e tradicionais, alguns dos quais ruíram com a onda de choque.

As equipas de resgate, que incluem voluntários do Chile, têm utilizado equipamentos de digitalização para criar imagens 3D dos destroços, na tentativa de localizar alguém vivo. E mostraram imagens na televisão local.

Para marcar um mês da explosão, o Exército do Líbano pediu que se fizesse um minuto de silêncio às 18h07 (16h07 em Lisboa) nesta sexta-feira.