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Tratamento promissor para doença de Machado-Joseph desenvolvido na Universidade do Minho

21 fev, 2024 - 11:23 • Olímpia Mairos

Doença hereditária e rara no mundo, afeta 1 em cada 140 adultos na ilha das Flores, nos Açores. Não há ainda tratamento, só opções de alívio temporário dos sintomas.

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Uma equipa liderada pelo Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da Universidade do Minho demonstrou em ratinhos um tratamento capaz de reduzir a progressão de sintomas motores e de anomalias neuronais na doença de Machado-Joseph.

“Também conhecida como ‘doença do tropeção’ ou ataxia espinocerebelosa, esta doença é hereditária, rara e incapacitante, surge em geral na idade adulta e com sintomas motores progressivos, como desequilíbrio, descoordenação de movimentos e dificuldade a falar e a engolir, até à eventual paralisia total”, explica em comunicado a UMinho.

O estudo saiu no “Journal of Clinical Investigation” e propõe um ácido do fígado como potencial fármaco, sendo considerado seguro para ensaios clínicos em humanos.

De acordo com a nota enviada à Renascença, a equipa usou o ácido tauroursodeoxicólico (TUDCA) quer de forma injetada quer como suplemento nos alimentos e em ambos os casos, “registou-se nos modelos animais a redução de inflamação no cérebro, dos sinais de degeneração e da morte de neurónios, mas também uma clara melhoria dos sintomas motores e um atraso na progressão da doença”.

Segundo a investigadora Patrícia Maciel, citada no comunicado, “estamos a abrir portas para uma possível opção terapêutica e identificamos um eventual alvo para desenvolver novos fármacos, trazendo esperança às famílias afetadas por esta doença crónica”, assinalando a conveniência de, caso seja aprovado, o medicamento poder vir a ser administrado oralmente.

A UMinho explica que o TUDCA é produzido no fígado e libertado para o intestino, facilitando a absorção de gorduras alimentares, realçando que “pode ter também um papel no cérebro, tendo já havido ensaios em pacientes de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson”.

A equipa de Patrícia Maciel testou o ácido biliar, pela primeira vez, como terapia para a doença de Machado-Joseph e os resultados dos estudos efetuados indicam que “o composto terá potencial para ser utilizado em pacientes, devendo então seguir para ensaios clínicos”.

“O TUDCA é um ótimo candidato, por ser seguro, mesmo a longo prazo, e com poucos efeitos secundários”, frisa a investigadora.

A doença de Machado-Joseph atinge 0.3 a 2 pessoas por cada 100 mil adultos, mas na ilha das Flores, Açores, afeta 1 em cada 140 adultos. Não há ainda tratamento, só opções de alívio temporário dos sintomas.

Comentários
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  • Charles Ricardo
    11 abr, 2024 Camaragibe - PE 23:49
    Boa noite! tenho 58 anos, já perdi a minha mãe e mais três familiares por conta da complicação da ataxia. Moro em Camaragibe, PE. Sou portador da Ataxia Espinocerebelar, SAC 3 ( Machado Joseph.) E a minha irmã e mais duas tias também. Gostaria de saber se já está comercializando essa medicação e onde posso adquirir?
  • Marcilene Costa
    11 abr, 2024 São Paulo 21:37
    Gostaria de me cadastrar para pesquisa
  • Fatimahelena
    11 abr, 2024 Santa Rita de Jacutinga MG 21:05
    Maravilha!
  • Mario César de Castr
    11 abr, 2024 Rio de janeiro 17:24
    Nossa esperança.
  • Antonio Freitas
    29 fev, 2024 Ponta Delgada Açores 19:48
    Boa tarde tenho 58 anos sou natural da ilha das Flores, sou portador da doença.gostaria de saber onde se pode adquirir este medicamento.
  • Selma Santos da Silv
    21 fev, 2024 Mag÷,=j 18:18
    Sou portadora do gene causador da doenca, e aí está uma esperança oara todos os ataxicos com SCar3.
  • MICHELLE RIOS WITCEL
    21 fev, 2024 Brasil 16:57
    Esperança para nós. Me emociona ao saber. Obrigada aos cientistas.

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