A Comissão Nacional de Justiça e Paz pede o final da “espiral de vingança” no Médio Oriente, face ao aumento das tensões entre os Estados Unidos e o Irão.

Recordando a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, que se assinalou a 1 de janeiro, em que Francisco falava precisamente da necessidade de se “abandonar a espiral de vingança”, a nota da CNJP, enviada à Renascença, aponta para o que se passa atualmente como exemplo contrário.

“O mundo inteiro assiste hoje, no que se refere ao agravamento do já longo conflito entre os Estados Unidos e o Irão, a uma demonstração notória do que representa essa espiral de vingança com as suas desastrosas consequências. Trata-se de uma espiral que supõe uma acumulação crescente de danos cada vez mais graves e que não terá fim enquanto se mantiver a mesma lógica da resposta ao mal com um mal ainda maior, em que predominam a desumanidade e também a irracionalidade”.

A comissão lamenta que se esteja a assistir “ao uso da mais avançada tecnologia para a prática de mortes seletivas, para desse modo vingar a prática de outras mortes” e rejeita que tal possa ser enquadrado na “lógica de legítima defesa” ou da justiça “porque esta não se confunde com a vingança”.

“Há que deixar claro que esta prática não pode apoiar-se nem na ética, nem no direito internacional”, escreve a CNJP.

“Muitos cidadãos do mundo inteiro, e também muitos comentadores, assistem a esta situação como se nada pudessem fazer para a modificar. Mas, pelo menos, podemos denunciar a lógica perversa da espiral da vingança, a sua imoralidade e a sua irracionalidade. É o que a Comissão Nacional Justiça e Paz quer fazer com esta nota de apelo a que se quebre essa espiral da vingança”, lê-se.

“Consequência trágica”

Também no Médio Oriente a Igreja continua a apelar à paz.

O arcebispo de Erbil, no Curdistão Iraquiano, publicou um comunicado em que lamenta que o Iraque está a sofrer com guerras por procuração há demasiado tempo. “Dilaceraram o nosso país”, escreve o arcebispo Bashar Warda.

Depois de elencar os muitos avanços que se fizeram na sua região nos últimos anos, sobretudo desde a derrota do Estado Islâmico, Warda diz que “as atuais tensões estão a ameaçar a grave fragilidade das comunidades, que estão cansadas de guerra e das suas trágicas consequências.”

Já têm sofrido demais, diz o arcebispo, “e já não podem enfrentar um futuro incerto. Precisam da certeza, da segurança, da esperança e da esperança de que o Iraque possa ser um país de paz em que se possa viver sem ser vítima de danos colaterais intermináveis”.

O arcebispo Bashar Warda diz que os líderes cristãos continuarão a “seguir o caminho de Deus na busca da paz, reconciliação e diálogo” e termina o comunicado pedindo a “ação urgente da comunidade internacional, usando a sua influência para acalmar as tensões.”

O clima de tensão entre o Irão e os Estados Unidos atingiu o seu expoente nos últimos dias depois de os americanos terem assassinado, com um ataque cirúrgico, um dos principais líderes militares do Irão.

Em resposta o Irão atacou duas bases militares no Iraque, mas não fez qualquer vítima.