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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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A vingança do Irão

09 jan, 2020 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Tudo indica que o Irão não quis matar americanos. Mas é provável que, no futuro mais ou menos próximo, milícias pró-iranianas ataquem instalações militares americanas. Trump não tem uma estratégia para lidar com o Irão e reforçou a ala mais extremista da teocracia ali vigente.

Os dirigentes da teocracia vigente no Irão anunciaram uma terrível vingança contra os EUA, por Trump ter mandado matar o número dois do regime e grande promotor do terrorismo no exterior do Irão, o general Soleimani. Atacaram com mísseis duas bases americanas no Iraque e declararam ter matado 80 militares dos EUA.

Mas parece que não mataram ninguém – escrevo “parece”, porque as coisas que Trump diz frequentemente não são verdadeiras. Só que, neste caso, seria difícil negar danos mortais nas forças armadas americanas, caso tivessem mesmo morrido soldados.

Tudo indica que o Irão não quis matar americanos, provavelmente tendo avisado o Iraque do que iria acontecer e o governo iraquiano alertou os comandantes das duas bases em causa. Bases que, antes, já haviam sido atacadas por forças pró-iranianas.

Esta moderação do Irão revela fraqueza; não significa, porém, que no futuro mais ou menos próximo milícias pró-iranianas não ataquem instalações militares americanas no Iraque, tal como várias vezes aconteceu nos últimos tempos, ou noutras partes do mundo.

O objetivo da teocracia xiita do Irão é expulsar os soldados americanos do Iraque, onde estarão cerca de 5 mil, e até de toda a região do Médio Oriente (onde haverá perto de 50 mil). E cada vez se torna mais possível uma guerra civil no Iraque, país frágil que o Irão tem procurado dominar.

Daí que Trump tenha já enviado mais 3 500 militares para o Médio Oriente, por muito que tal seja impopular em ano de eleições presidenciais e contradiga anteriores declarações de Trump – mas seria eleitoralmente mais prejudicial para a reeleição do presidente que, por descurar a proteção dos soldados, alguns fossem mortos.

Em grande parte por causa das sanções americanas, que serão reforçadas, a economia do Irão está numa profunda depressão, o que provoca uma enorme frustração na classe média iraniana. Mas o assassinato do general Soleimani uniu os iranianos no seu ódio à América. E a hostilidade de Trump reforçou a ala extremista do regime, que não recuará – como já o mostrou – em aplicar violentas medidas repressivas para conter a indignação popular.

No seu discurso eleitoralista de ontem Trump mostrou-se disponível para negociar com o Irão. Algo que só seria possível se naquele país houvesse uma mudança de regime – mudança que a política de Trump inviabilizou.

O Presidente americano não tem uma estratégia digna desse nome para lidar com o Irão, como não tem para lidar com a Coreia do Norte. Uma coisa Trump procura sistematicamente: destruir o que fez o seu antecessor, Obama. Uma vaidade infantil, implicando que o mundo passe por perigos escusados.

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