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A Escola Artística Soares dos Reis, no Porto, foi o estabelecimento de ensino que mais viu subir as notas dos exames dos seus alunos. Segundo os dados do ranking das escolas de 2021, com mais de 100 exames feitos, critério seguido pela Renascença, este estabelecimento de ensino viu a média dos exames no secundário subir de 10,83 para 11,56, disparando na tabela do 472.º para 179.º lugar no espaço de um ano.

“É o segundo ano que estamos nesta lista, ficamos satisfeitos se os resultados são melhores do que comparados com outros, mas não é uma preocupação nossa”, diz à Renascença o diretor da escola, José Caldas.

Nesta escola, com quase mil alunos e uma das primeiras a ser renovada pela Parque Escolar, com “excelentes instalações técnicas”, os alunos partem “numa posição desvantajosa”, diz o professor.

“Têm 40 horas de aulas semanais no 12.º, não têm 22, como os alunos curso científico-humanístico”, descreve o professor, lembrando ainda que “gastam, em média, duas horas de viagem por dia, porque muitos dos nossos alunos vivem fora da cidade do Porto”, dada a falta de oferta de ensino artístico.

Questionado sobre como conseguiram então obter resultados que se destacam dos outros, José Caldas atribui à “motivação e vontade dos alunos”, bem como o “trabalho dos professores e empenho das famílias”.

José Caldas considera que a oferta educativa da sua escola “é uma oferta com sucesso e fundamental no país”, pois forma quem “vai trabalhar no design de produto, no design de comunicação, na produção artística, no audiovisual, na fotografia, no cinema, no multimédia, na animação 2D/3D”. “São áreas que não encontram em todo o lado e que são fundamentais para o nosso dia a dia”, reforça.

Apesar da exigência escolar, este é um estabelecimento de ensino com “uma procura acima da capacidade de acolhimento”, tendo todos os anos uma “lista de espera extensa”, assegura o diretor.

Já quanto aos professores, José Caldas diz que a escola, sendo no centro do Porto, é “bastante procurada” e sempre que abrem vagas têm candidatos para preenchê-las. Ainda assim, reconhece que “nem sempre foi possível contratar um docente ao primeiro concurso” e que já começam “a sentir essa falta de professores”.

A Soares dos Reis, onde quase 30% dos alunos vêm de famílias com dificuldades económicas, é também uma “escola de referência para o ensino bilingue na área dos surdos”, destaca o diretor.

Os bons resultados escolares atingidos no Secundário têm depois reflexo no restante percurso escolar, sublinha José Caldas.

“Além de termos alunos que concorrem às universidades portuguesas nas suas áreas artísticas e com bom sucesso, em arquitetura, artes plásticas, no audiovisual, no cinema, no design de produto, também há alunos que procuram o ensino superior no estrangeiro”, assegura, revelando que “todos os anos temos universidades estrangeiras que vêm divulgar as suas formações, os seus cursos e as condições de estudo que lá oferecem”.

Médias a descer no pós-pandemia

Depois de, em 2020, os exames terem sido condicionados pelo estalar da pandemia, em 2021 as provas recuperaram parcialmente o grau de dificuldade habitual da era anterior à Covid-19. A retoma fez-se sentir nas médias e quase todas as escolas do ranking perderam pontos nas notas.

Houve apenas três escolas que escaparam a esta tendência: a Escola Artística Soares do Reis viu as suas médias subir menos de um ponto (0,73); a Escola Básica e Secundária com Pré-Escolar da Calheta subiu quatro centésimas; e a Escola Artística António Arroio subiu duas décimas.

As restantes 456 escolas que fazem parte da lista elaborada pela Renascença (mais de 100 exames) viram as médias encolher entre 0,26 e 3,35.