A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) declara-se preocupada face ao que diz serem “os perigos” da legalização da eutanásia, aprovada esta sexta-feira no Parlamento.

Em declarações à Renascença, a presidente da APCP, Catarina Pazes, considera “completamente extemporâneo” legislar sobre a matéria nesta altura, uma vez que, segundo diz, “sabemos pouco sobre estas áreas, pensamos pouco sobre o fim da vida e sobre as questões éticas do fim da vida”.

“O risco para o futuro é enorme” e “aquilo que nos espera depois é gravíssimo”, sustenta.

Catarina Pazes concorda que “todos queremos mais dignidade e mais qualidade dos cuidados em fim de vida”, mas, para isso “é preciso uma estratégia séria e consequente e o país não está a ir por esse caminho”.

O primeiro passo é promover “pedagogia, formação e capacitação” para estas questões, “quer de profissionais de saúde, quer de cidadãos”.

Por outro lado, a presidente da APCP sublinha que o contexto de pandemia veio demonstrar que Portugal está muito aquém no que toca aos cuidados às pessoas que estão em fim de vida.

“Perante esta fragilidade que o país tem em cuidados de saúde, cuidados sociais a pessoas em fim de vida, nós estamos perante um Parlamento que se dedica a legislar sobre a morte assistida e isso levanta-nos grandes preocupações numa situação atual como a que estamos a viver e ficamos muito apreensivos com o futuro” diz.

Mais importante do que discutir se se é a favor ou contra a eutanásia, “é necessário haver um debate esclarecedor”, conclui Catarina Pazes.