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António Costa admite uma subnotificação da infeção por Covid-19 nos óbitos registados no mês de março. Em entrevista à Renascença esta sexta-feira, e confrontado com o aumento da mortalidade no mês de março, o primeiro-ministro reconhece a possibilidade de se terem registado óbitos de pessoas por outros motivos, mas que poderiam estar também infetadas com o novo coronavírus.

"Sabe-se que a Covid-19 não ataca da mesma forma todas as pessoas e é isso que o torna muito perigoso, porque podemos estar contaminados sem sentir qualquer sintoma. Se é possível que existam pessoas que possam ter falecido por outras causas e estivessem infetadas? Sim, é possível. Temos o exemplo da criança que faleceu por outra doença e tinha Covid-19, mas não foi por causa da Covid-19", explica, em referência à criança de 14 anos que morreu em Ovar devido a meningite.

Até ao dia 27 de março, Portugal registou cerca de 600 mortes acima do expectável, uma tendência de aumento que não se verificava há mais de uma década. Destas, 100 estão associadas à Covid-19.

O primeiro-ministro reconhece que os testes serológicos poderão ser importantes, a longo-prazo, para se ter uma real noção de quantos casos de infetados o país registou.

"Sabemos que a China agora fez testes sanguíneos e muitas pessoas estavam imunizadas porque tinham tido Covid-19, sem terem sentido sintomas. Nós também o poderemos fazer, os testes serológicos estarão prontos, mas só faz sentido fazer depois de passar a pandemia", termina.

Os investigadores alertam que este fenómeno do aumento de mortalidade se repete noutros países, como Itália e Espanha. E atribuem aumento de mortalidade a quatro situações distintas: óbitos por Covid-19 não diagnosticados; óbitos que, tendo sido evitados em fevereiro, vieram a verificar-se em março; óbitos imprevisíveis que já iriam acontecer independentemente das atuais circunstâncias e óbitos por outras condições que acabam por não ser evitados por falta de assistência médica.

Na semana passada, a Renascença já tinha noticiado uma queda a pique dos episódios de urgência no Serviço Nacional de Saúde (SNS), associada ao receio de contágio. Leia mais sobre o tema aqui.

À data, Portugal regista 9.886 casos confirmados de Covid-19, 68 recuperados e 246 óbitos.