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Campanha do PAN termina aos solavancos e com desfiliações

08 mar, 2024 - 09:00 • Alexandre Abrantes Neves

As duas semanas de campanha eleitoral ficam marcadas por saídas ligadas ao antigo porta-voz, André Silva. Inês Sousa Real garante que a democracia interna está de "boa saúde" e foca-se na recuperação dos três deputados perdidos em 2022.

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De um lado, o solavanco de desfiliações que fez abanar a caravana do PAN. Do outro, o esforço por não ficar preso às habituais bandeiras ambientalistas e animalistas. O PAN chega ao fim desta campanha com um futuro incerto pela frente: entre a sobrevivência ou a recuperação de um grupo parlamentar, o partido de Inês Sousa Real pode vir a ser decisivo nos cenários depois das eleições.

Porém, e nesta luta por estacionar a caravana no parlamento com mais pessoas a bordo, a onda de desfiliações na última semana manchou o percurso do PAN. Fosse com a saída dos dois deputados da assembleia municipal de Faro ou com a desfiliação, Sousa Real tentou afastar a imagem de desunião no partido puxando pelo argumento da democracia interna.

A porta-voz reforçou que a “atual direção foi eleita com mais de 70% dos votos” e que “o partido não é uma associação de amigos e que, por isso, as pessoas mais do que saber ganhar, têm de saber perder”.

No meio desta trovoada, até Sousa Real chamou ao centro das atenções a nuvem negra que cobre o partido – a líder colou estas saídas ao antigo porta-voz, André Silva, que se desfiliou ainda na pré-campanha por considerar que o PAN tinha “perdido a coluna vertebral” e “abandonado as suas causas”.

Recuperar eleitores? Sim. Governabilidade? "Nim"

Inês Sousa Real parece saber que a única forma para recuperar os três deputados que perdeu nas legislativas de 2022 é chegar a outros eleitorados, que estão para lá da causa animal e ambiental.

Por isso, o PAN esforçou-se por rechear a agenda de itens relacionados com causas sociais, como a atribuição do subsídio de risco aos bombeiros,o estatuto do antigo combatente ou as pessoas em situação de sem-abrigo.

Ao diversificar os temas e áreas de ataque, Sousa Real tentou provar que colocar a cruz no PAN era um “voto útil”, “progressista” e “de centro”, que ia ao encontro da “insatisfação pelo aumento do custo de vida” que os portugueses lhe davam conta nas ruas. Ao longo de toda a campanha, a líder do partido não largou o argumento de que “o PAN foi o partido da oposição, só com um deputado, que mais medidas propôs e fez aprovar” e que, por isso, “quer renovar o compromisso”.

Porém, se o PAN é esta força “diferente” no parlamento, ficam por explicar as condições que o podem vir a fazer viabilizar um governo à esquerda ou direita. Sousa Real disse apenas que têm de ser os partidos a adaptarem-se às causas “irrenunciáveis” dos partidos e que “acordos com a extrema-direita” estão fora de questão.

E apesar de também deixar críticas ao PS – principalmente por causa da política ambiental –, a líder do PAN vincou mais a distância à AD e ao “erro de Montenegro” em se coligar com CDS-PP e PPM, “forças conservadoras e vindas dos anos 1970”.

A caravana do PAN fica agora em ponto morto até domingo, à espera de saber se estaciona no parlamento com mais deputados – e se tem de escolher entre guinar à esquerda ou à direita.

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