De onde vêm Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos

Os homens que querem ganhar o país depois de perderem nas terras onde nasceram

23 fev, 2024 - 18:18 • João Carlos Malta (texto).Miguel Marques Ribeiro (imagem)

No percurso que os leva a estar a um passo de S. Bento, Luís e Pedro Nuno perderam eleições autárquicas nas cidades que os viram nascer. Mas ganharam uma rodagem importantíssima para o que vinha a seguir: a conquista do partido e a do país. Conheça a história do menino que desde criança disse que ia ser primeiro-ministro e a do miúdo que se fez nos jogos de futebol de rua para quem perder “nem a feijões”.

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Não queria ser bombeiro, nem futebolista, que o jeito nunca foi muito, e médico também não. O pequeno Pedro Nuno sempre disse querer ser o que agora está a um passo de conseguir. Chegar a primeiro-ministro. Dizia-o a quase todos sem medo e de forma desabrida. Mas não era o único, o pai Américo dava força ao desejo.

“A ambição dele foi sempre a de chegar ao ponto onde ele está. E eu desde muito pequenino que dizia que o Pedro ia ser primeiro-ministro. Não é de agora. Eu dizia-o por convicção. As pessoas que me conhecem sabem, e conforme o tempo ia passando a prova estava ali. O Pedro também dizia que ia chegar lá, que queria chegar lá, mas de uma forma muito ‘soft’”, conta Américo Santos, sentado no escritório de uma das sete fábricas do grupo industrial do setor do calçado que lidera em S. João da Madeira e que emprega cerca de 120 pessoas.

E da infância para a vida adulta a ideia não perdeu força. Antes pelo contrário. Ganhou tração e passou a ser um objetivo. José Mota, que liderou a câmara de Espinho durante 16 anos, recorda bem o jovem que lhe apareceu pela frente quando presidia à distrital socialista de Aveiro.

“Acho que o homem quando nasceu já queria, já sonhava ser líder do Partido Socialista, e ser primeiro-ministro deste país. Pelo menos com isso sonhava, não sei se sonhava com mais alguma coisa. Foi sempre um indivíduo trabalhador, mas sempre a pensar no seu caminho, no seu sucesso (…) Eu nunca vi uma pessoa que gostasse tanto de ser primeiro-ministro, ser líder de um partido como Pedro Nuno”, recorda o ex-autarca.

Sá Carneiro e Fernando Couto

A 24 quilómetros de distância, em Espinho, Luís Montenegro também desde cedo despertou para a política. A família materna tinha deputados e autarcas e o pai foi um homem que sempre gostou de discutir todos os temas da atualidade. Mas a mãe Virgínia Esteves recorda um episódio que, há distância de mais de 40 anos, pensa estar a origem do destino do filho.


“Uma vez fomos a um comício no Porto, no Campo do Futebol Clube do Porto, com o Dr. Sá Carneiro. Ele era criança, era muito pequeno. Acho que ficou entusiasmado com a política. O campo estava cheio, tudo à favor do Dr. Sá Carneiro. Talvez isso o tivesse entusiasmado um bocado. Depois ele chegou a entrar, muito jovem, de calções na sede do PSD, sem nos dizer nada e um pouco mais tarde filiou-se no partido, também sem nos dizer nada. Só nos disse depois”, revive.

Mas nessa altura, se é verdade que o lado político de Luís pudesse estar a despontar, era na rua com uma bola nos pés que se sentia bem. Quem o conta é o amigo de longa data Rui Torres que o acompanhou ao longo de várias fases da vida. Na estrada em frente a casa, o pequeno Montenegro dava os primeiros pontapés na bola ao lado de figuras que viriam a ser de históricos no desporto-rei, como Fernando Couto.

“Tinha uns pezinhos muito interessantes”, lembra Rui. Mais tarde, Luís acabou por jogar federado no Sporting de Espinho e em vários clubes da zona.

A bicicleta era também uma companheira inseparável. Montenegro ia com ela para todo lado. Mas valeu uns valentes sustos à mãe Virgínia. Um dia, logo a seguir ao almoço saiu de casa para a praia, onde o esperava mais uma partida de futebol. “Bateu com a cara no chão e telefonaram-me. Ele estava no hospital porque alguém o levou. Claro que tive muito receio, porque tinha acabado de almoçar e podia ter algum problema”, afirma.

Mas não era só a jogar à bola que se evidenciava. Na escola, Rui conta que era a Luís que os colegas pediam os cadernos para depois os passarem a limpo. E havia uma disciplina em que o agora secretário-geral do PSD se distinguia.

Estávamos ali na altura do 5.º ou do 6.º ano, e o amigo lembra-se bem que ele tirava “sempre 100% a matemática”. “Eu rapidamente quis-me aproximar para perceber como é que o Luís sabia tanta matemática, que para mim eram coisas confusas. Então o primeiro contacto com o Luís foi para ele me explicar as soluções dos testes”, concretiza.

A mãe diz que, em casa, não era frequente ver Luís pegar em livros. “Acho que estava muito atento e não precisava. Era muito inteligente”, conta. Rui concorda na parte da inteligência, mas acha que Luís estudava. Até seria obsessivo. Di-lo porque quando Montenegro juntou ao futebol a paixão pelo voleibol, em pouco tempo passou a saber as regras e a discutir com Rui que já tinha muitos anos de prática.

"Uma vez fomos a um comício no Porto, no Campo do Futebol Clube do Porto, com o Dr. Sá Carneiro. Ele era criança, era muito pequeno. Acho que ficou entusiasmado com a política. O campo estava cheio, tudo à favor do Dr. Sá Carneiro", Vírginia Esteves, mãe de Luís Montenegro.

É uma qualidade que diz que ele manteve ao longo dos anos, preparar-se até ao mais ínfimo pormenor antes de cada desafio.

Mas não eram estas as únicas características que definiam o jovem Luís. Há um fato de treino verde com umas riscas cor de pêssego que até hoje ainda é motivo de conversa. Ninguém se esquece, que mesmo quando havia ajuntamento de muitos jovens era fácil saber onde estava Luís. Quem o conhece diz que ainda o tem guardado no armário. Aliás a paixão por aquele fato de treino cruza-se com outra característica do líder do PSD, a de ser muito apegado ao dinheiro. Foi comprar aquela peça de vestuário a Guimarães, a uma fábrica, onde era muito mais barato.

Rui Torres diz que Luís é quase forreta. “Ele é muito contido a gastar dinheiro. Pensa duas ou três vezes, se gasta, se não gasta. Até escolhia o sítio onde bebia café por ser o mais barato”, recorda.

O icónico fato de treino é também uma das razões para a alcunha pela qual Montenegro era conhecido na infância e adolescência, o “Ervilha”. O amigo Paulo Mendes, hoje empresário, conta a história que o mesmo tornou nacional ao contá-la anos mais tarde numa cerimónia de homenagem em Espinho a Luís. Até Marcelo Rebelo de Sousa quis que lhe contasse mais pormenores.

Paulo esclarece a origem da alcunha. Além do “mítico fato de treino”, foi a cor dos olhos que explica o apelido. “Tinham um tom esverdeado e que parecia muito a cor das ervilhas. E houve um amigo que já não me recordo bem quem, que disse para ele era o Ervilha”. De Ervilha ao diminutivo “Bilha” foi um passo. Uma referência que durou muito tempo e a que Montenegro não achava muito graça.

Carros de rolamentos e o “boca de sapo”

Ali ao lado, em S. João da Madeira, a família Santos viveu os primeiros 12 anos de vida de Pedro Nuno numa casa alugada, onde nas traseiras o pai começou a dar os primeiros passos de um império industrial.

“Ele é muito contido a gastar dinheiro. Pensa duas ou três vezes, se gasta, se não gasta. Até escolhia o sítio onde bebia café por ser o mais barato", Rui Torres, amigo de Luís Montenegro.

A irmã Mariana, dois anos mais nova, com quem Pedro mantém uma relação de grande cumplicidade relembra os anos em que também eles cresceram a brincar na rua. “É um dos amores da minha vida”, começa por dizer. Lembra-se que ali todos se conheciam e era frequente os vizinhos passarem tempo em casa uns dos outros.


Além dos passeios de bicicleta, ambos faziam “carros de rolamentos para ir rua abaixo”. Mariana conta ainda que Pedro gostava muito de trazer animais para casa. “Era uma vida livre, na rua”, relata. Faziam os dois tudo a pé, havia poucos carros, sentia-se a “liberdade”. Mesmo sendo uma cidade parecia quase campo.

O pai Américo recorda Pedro, nessa fase, como “muito alegre, muito dinâmico, muito brincalhão”, “um bom filho que nunca criou qualquer problema”. E ao falar da vida social do filho dá-lhe um tom quase político e neorrealista. “Desde essa infância, dava-se com quem quer que fosse independentemente de sua condição económica ou ‘status social’, e mantém essas amizades de uma forma muito, muito pessoal e muito amiga”.

Na escola, o pai recorda um aluno sempre muito bom. Lembra-se também daqueles primeiros anos de vida dos filhos ainda não tão desafogados financeiramente como viriam a ser mais tarde. “Tínhamos uma vida agradável, sem muito dinheiro, mas conseguimos ter uma vida agradável, socialmente boa”, lembra.

Mas já à época era amante de carros, Américo diz que tinha um Citröen DS, o “boca-de-sapo”, e um Fiat 126. Ainda longe do Maserati que mais tarde daria tanta polémica.

Nessa altura, foi à mesa de jantar que Pedro teve as primeiras lições políticas. Américo lembra dessas conversas muito vivas. Ele ainda muito marcado pela guerra colonial na Guiné, onde combateu, e com as injustiças que via no dia-a-dia de um país pobre, que o levaram a andar pela UDP (um dos partidos fundadores do Bloco de Esquerda). Américo disse sempre ter defendido os mais carenciados, os que menos tinham, e que quer se queira, quer não, isso passou para a formação de caráter do filho.

Nega que o filho seja extremista, como muitas vezes os adversários políticos o acusam. “Não é radical, eu é que sou”, graceja.

Da infância para a adolescência, o lado contestatário e interventivo de Pedro Nuno Santos é recordado por Teresa Brandão, professora de inglês do Secundário na Escola Serafim Leite. Era “um jovem louro”, “muito magrinho” e de “cabelos muito compridos”.

“Tinha o dom da palavra e tinha o dom de chegar ao outro, sem dúvida. Tinha facilidade em trazer os outros até si e ele próprio chegar aos outros”, Teresa Brandão, professora de inglês de Pedro Nuno Santos.

“Fazia tudo com muita alegria”, analisa. Teresa fala da turma de Pedro como “vibrante” e em que muitos dos se sentavam nas carteiras da sala de aula deram em políticos, investigadores, economistas ou empresários. Pedro, diz, gostava de estar “com as pessoas pelo que elas são”, tanto fazia que “vestissem de amarelo ou de preto, que fossem brancos ou escuros”.

Teresa recorda que muitos se juntavam à volta dele para o ouvir sobre as viagens a países como Cuba. “Tinha o dom da palavra e tinha o dom de chegar ao outro, sem dúvida. Tinha facilidade em trazer os outros até si e ele próprio chegar aos outros”, afiança.

A irmã Mariana Santos que também passou por aquela escola, na mesma altura, lembra o irmão com um aluno brilhante, mas que tinha de estudar pouco. No entanto, “era aplicado”. “Tinha muitos objetivos e objetivos para o futuro”, sublinha.


A professora Teresa, agora a um ano de se reformar, recorda também um Pedro que já se evidenciava no jornal da escola. Mostra um texto da época da autoria do secretário-geral do PS intitulado “Geração rasca ou geração à rasca” que continua guardado nos arquivos da escola.

A vontade de Pedro Nuno Santos em qualificar-se de fazedor, segundo a docente é uma caraterística marcada na genética das pessoas de São João da Madeira. “Estes jovens são filhos de grandes industriais, de pessoas que singraram na vida com o seu trabalho e ao trabalharem proporcionam também trabalho a muitas outras pessoas”, explica.

O nadador-salvador que jogava em equipa

Em Gondomar está o professor Mendes Moreira, que conheceu de perto Luís Montenegro na altura em que este frequentava a secundária Manuel Laranjeira, em Espinho. Foi um contato breve, mas intenso. Mendes Moreira era o professor de História responsável pela equipa da escola que viria a representar Portugal nas Jornadas Europeias da Juventude, que em 1990 decorreram em Estrasburgo.

Eram seis alunos, um deles Luís. Uma das memórias mais fortes que o docente reteve foi a de um jovem com uma grande capacidade física. Uma das provas desportivas era a travessia de uma piscina. Além do futebol e do voleibol, Montenegro “era um grande nadador, era, aliás, nadador-salvador”.

A prova consistia em tirarem uma camisola, que prendia o tronco e os braços e nadar uma piscina. “Em determinado momento, as pessoas ficaram estupefatas porque enquanto os outros miúdos retiravam pausadamente a camisola, o Luís lançou-se e em pleno ar, retirou a camisola, mergulhou e só apareceu no fim da piscina”, afiança.

Nesse mês, e já em França, Mendes Moreira lembra também como no Centro George Pompidou impressionou o agora líder social-democrata, que no final da visita disse que naquele país “não era difícil ser bom aluno”. Referia-se ao grande acesso à informação que ali encontrou e que escasseava em Portugal.

A imagem que tem, naquela época, não é bem a de um líder. Era alguém que se destacava mais pela forma como trabalhava em grupo. “Não se evidenciava, era um rapaz reservado”, conta. “Mas era firme nas suas convicções. Era preciso que o argumento fosse muito forte para o fazer mudar. Não cede facilmente”, acrescenta.

Maria Ricardo, diretora daquela escola à época, fala de um jovem “muito ativo” e “muito popular”. Foi presidente da Associação de Estudantes e foi nessa condição que melhor conheceu o agora candidato a primeiro-ministro. Do jovem “respeitador, educado e cumpridor” guarda a memória de que fazia o que se comprometia a fazer.

"[...] o Luís lançou-se e em pleno ar, retirou a camisola, mergulhou e só apareceu no fim da piscina”, Mendes Moreira, professor de História que durante um mês preparou Montenegro para uma competição escolar internacional.

Um episódio sustenta a imagem com que ficou. A associação tinha feito uma atividade para angariar fundos e uma mãe queixou-se de que o filho que tinha ganho um prémio nas rifas não conseguira levantar a máquina fotográfica. A diretora chamou Luís Montenegro ao gabinete e recorda que ele também terá ficado surpreendido com a falha.

“Disse-lhe que aquilo dava mau aspeto. No dia a seguir, ele estava lá com a máquina. Foi ele que pagou do bolso dele? Não faço ideia, mas no outro dia foi-me entregar a máquina para eu dar ao miúdo. Foi uma coisa que me marcou porque não estava à espera. Não era vulgar. Qualquer aluno perante isso era capaz de reclamar ou mentir, ou fugir àquilo”, assinala.

Avançado felino, mas que também falha de baliza aberta

Fugir é uma caraterística que Luís Montenegro aplicava mais ao futebol que sempre lhe preencheu os dias e os tempos livres − seja a ver o seu FC do Porto seja no relvado a driblar. Até há bem pouco tempo jogava 11 meses por ano em partidas de veteranos do Sporting de Espinho. As qualidades de ponta-de-lança fazem dele um típico ‘rato de área’, capaz de fazer 30 a 35 golos por época.

O relato de quem bem o conhece é o de um “avançado muito autónomo, muito interessado e participativo, em prol da equipa, sempre de olhos postos na baliza”. “Enquanto não fazia um golo não descansava”.


Quem o conta é Armando Sarabando, treinador dos veteranos que o acompanhou durante várias épocas. Para o espicaçar, conta entre sorrisos, “era só dizer: ‘Imagina que do outro lado estão os que se te opõem no Parlamento’”.

O ponto alto desta carreira futebolística foi um jogo no Alentejo em que fez 10 golos. Armando relata que a paixão pela bola era tanta que não era incomum Luís Montenegro fazer um raide de Espinho a Lisboa para subir ao relvado entre reuniões e afazeres partidários.

“Enquanto não fazia um golo não descansava”, Armando Sarabando, treinador dos veteranos do Sporting de Espinho, onde Luís Montenegro jogou vários anos.

Apesar de goleador, também perdia oportunidades incríveis. O amigo Paulo Mendes com quem chegou a fazer dupla na frente de ataque do Sporting de Espinho, em tom de brincadeira lembra um falhanço inacreditável do companheiro num jogo em Tomar.

“Fizemos lá um torneio e fomos jogar contra o Benfica. Há um cruzamento e ele falhou um golo… Um escândalo. Era impossível falhar em cima da linha de golo. Era completamente impossível e ficámos todos a olhar uns para os outros. Alguns até a rir”, graceja. A reação de Montenegro também foi memorável. “Vira-se para mim e diz: ‘Porque é que falaste? Falaste para mim e atrapalhei-me”.

Das artes marciais à arte da persuasão

Tal como Montenegro, Pedro Nuno Santos também é simpatizante de FC do Porto, mas a bola nunca foi muito amiga dele. Preferia as piscinas e o tatami do Viet Vo Dao, uma arte marcial que tem origem no Vietname. Na natação o treinador Augusto Macedo recebeu-o na Sanjoanense, onde treinava três a quatro vezes por semana. Uma equipa pequena a dar as primeiras braçadas.

Augusto é sincero: “Eu não o destacaria pelos seus dotes talentosos da natação em si”. Mas havia algo em que sobressaia: “Era um miúdo que chamava a atenção por causa da sua postura, nomeadamente com um bom compromisso e tinha uma atitude divertida”. No balneário, confidencia, já se podia antever que estaria ali “um líder porque ele gostava de ser aglutinador”.

Nessa altura, entre os 12 e os 13 anos, a cabeça do adolescente Pedro já estava mais focada na política e pouco depois conhece Rodolfo Andrade, amigo que até hoje o acompanha, e um dos com quem deu primeiros passos na Juventude Socialista. Como muitos jovens “bebiam uns copos”, “iam acampar à Serra da Freita”, “passavam férias juntos”. E claro a política onde o acompanhou na campanha para a liderança da juventude socialista.

“Cheguei a fazer milhares de quilómetros com ele. Ligava-me às sete da tarde, oito da tarde, a dizer: ‘Vamos jantar a Coimbra’. E lá íamos. Chegávamos às duas, três da manhã a casa”, recorda.

Nestas longas viagens, no jipe Nissan Patrol preto ouvia-se U2. “O Sunday Bloody Sunday era um hino para ele, mesmo que não gostássemos tínhamos de levar com aquilo. E outro grupo, que até foi o Pedro Nuno que nos deu a conhecer, foram os Sublime. A faixa Santeria tínhamos de levar sempre com ela. O Rock e o punk era o que ele mais gostava”, recorda.

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“Há uma diferença muito grande entre o Luís Montenegro de 1999 e 2005 e aquele que existe hoje. Aplicou-se e evoluiu e tem hoje, de facto, uma preparação completamente diferente”, José Mota, ex-autarca do PS que ganhou duas eleições a Luís Montenegro.

Gostos musicais à parte, Rodolfo qualifica a personalidade do camarada: “Era muito ambicioso, mas certo do que queria”. Atualmente empresário e presidente da Junta de Freguesia de S. João da Madeira pelo PS, pormenoriza como Pedro Nuno consegue que os outros o sigam.

“O Pedro tem uma capacidade de criar empatia muito grande. Empático pelas ideias, empático pela sua personalidade, empático pela forma de estar até na vida. É um homem sedutor, sedutor na forma de estar na vida e na frontalidade que tem nas coisas”.

O lado estratégico de Pedro Nuno Santos também sempre esteve muito presente. A escolha do curso de economia no ISEG, seguiu o padrão. Foi feita já com os olhos no futuro. “Ele foi para Lisboa com o intuito de estar ligado também à política desde sempre”, explica a irmã Mariana.

“Sonhos de menino” e o “Homem do leme”

Já Montenegro foi estudar para o Porto, onde na Faculdade de Direito, conheceu, em 1992, o amigo e futuro sócio Paulo na Sousa Pinheiro & Montenegro.

Paulo Sousa Pinheiro lembra o companheiro de trato fácil, afável e simpático. “Tinha o efeito de captar a atenção das outras pessoas”, recorda. Montenegro não terá sido dos alunos mais aplicados na universidade, uma vez que já dividia o tempo entre os estudos e a política. Mas uma caraterística parece ter permanecido ao longo dos tempos: “Não precisava de estudar muito para fazer as cadeiras”, diz.

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Ainda assim, ficaram bem guardadas as memórias das borgas académicas em que o então jovem Luís dava azo à faceta de cantor. “Era ele que muitas vezes puxava pelo resto da malta”, lembra. O gosto de Luís Montenegro por cantar ficou, anos mais tarde, eternizado num dueto televisivo com Tony Carreira do icónico “Sonhos de menino”. Mas não era também invulgar, segundo dizem outros amigos, ouvi-lo em karaokes a cantar “O Homem do Leme” dos Xutos e Pontapés.

“O Sunday Bloody Sunday era um hino para ele, mesmo que não gostássemos tínhamos de levar com aquilo. E outro grupo, que até foi o Pedro Nuno que nos deu a conhecer, foram os Sublime", Rodolfo Andrade, presidente da Junta de Freguesia de S. João da Madeira e amigo de Pedro Nuno Santos.

Já o fascínio pelo direito, diz Paulo, tinha origens no pai de Luís ter exercido também a profissão. As afinidades pessoais, mas também políticas, entre os dois levaram-nos a abrir um pequeno escritório na rua Júlio Dinis, no Porto, que terminou num espaço moderno e citadino em pleno Mercado do Bom Sucesso. A sociedade manteve-se até há bem pouco tempo. Paulo revela como algumas das caraterísticas de Montenegro como advogado se podem também ver na política.

“Tem uma capacidade imensa de defender os interesses dos clientes. Quando ele decide abraçar um processo, defende intransigentemente os interesses do cliente”, define.

Paulo lembra que a fase de julgamento requer a preparação das peças processuais, e aí “é preciso ter um domínio da língua” e “ser um pouco também demagogo”.

Para o ex-colega de escritório a política e o direito reforçam qualidades do líder do PSD. “Pela atividade política, o Luís acaba por ser também um advogado aguerrido”. E pega nas bem conhecidas capacidades futebolísticas do líder social-democrata para fazer uma comparação. “Ele não dava uma bola como perdida e também não gostava de perder nos processos judiciais”, garante, explicando que não raramente o via a perder muitas horas a preparar uma intervenção em tribunal, ou um discurso parlamentar.

Montenegro começou no direito do trabalho, passou pelo fiscal e pelo societário e especializou-se em questões relacionadas com a proteção de dados. Paulo tem sentimentos ambivalentes em relação à saída do sócio. Se por um lado tem “muita pena”, por outro lado “fica muito feliz” por o colega poder ter a possibilidade de mudar o rumo do país.

As derrotas autárquicas contra dinossauros

Mas recuemos, mais de 20 anos para recordar as aventuras autárquicas de Pedro Nuno Santos e de Luís Montenegro. Corria o ano de 2001 quando em Espinho, José Mota se candidatava pela terceira vez à presidência da câmara. Viria a transformar-se no que se chamou de dinossauro autárquico.

“Pela atividade política, o Luís acaba por ser também um advogado aguerrido”, Paulo Sousa Pinheiro, ex-sócio de Luís Montenegro na sociedade Sousa Pinheiro & Montenegro.

Recorda Montenegro como “um rapaz muito jovem, muito verde, que foi vereador e foi amadurecendo e melhorando”. Em entrevista ao Expresso, no passado, o agora presidente do PSD recordou essa campanha e alguns alegados golpes baixos do adversário como o boicote a uma ação de rua. Alegou que a câmara não lhe permitiu ter água e influenciou a EDP para não fornecer energia. À Renascença, Mota desmente a versão.

Sobre o adversário, ainda assim garante “que foi sempre razoável”. “Nós tivemos sempre uma forma de trabalhar que pode considerar-se evoluída. Sempre nos respeitamos. Não tenho razão de queixa dele”, afirma. “Sempre foi uma pessoa com quem se podia conversar, com quem se podia afinar a política local e nunca foi alguém que quisesse destruir o que quer que fosse”, explica.

Em 2005, dá-se nova tentativa de Montenegro ser autarca em Espinho e nova derrota contra Mota. Mas de uma para outra eleição o agora presidente dos sociais-democratas subiu a votação. Anos mais tarde, este processo de crescimento viria a resultar numa mudança de cor política em Espinho.

Confessa que nunca imaginou que o agora candidato a primeiro-ministro chegasse tão longe, mas admite que, por vezes, as pessoas o surpreendem e que Luís Montenegro foi um desses casos.

“Há uma diferença muito grande entre o Luís Montenegro de 1999 e 2005 e aquele que existe hoje. Aplicou-se e evoluiu e tem hoje, de facto, uma preparação completamente diferente”, reconhece.

José Mota também conhecia bem Pedro Nuno Santos da distrital de Aveiro. E também a este nunca lhe augurou um futuro tão bem-sucedido. Mota recorda que igualmente Pedro Nuno Santos passou por um grande desafio local quando em 2009 desafiou Castro Almeida, na câmara de São João da Madeira. Mota reconhece as condições difíceis dessa candidatura contra um peso-pesado do PSD local.

Esse episódio evidenciou que PNS tem “garra” e é “corajoso”. Mas na opinião de José Mota, o líder do PS “já tem idade para ter juízo” e “acho que ele precisa de se temperar um bocadinho”. Confessa que Pedro Nuno “nunca foi santo da sua devoção” e ainda nas últimas eleições internas esteve do lado de José Luís Carneiro.

“Há uma diferença muito grande entre o Luís Montenegro de 1999 e 2005 e aquele que existe hoje. Aplicou-se e evoluiu e tem hoje, de facto, uma preparação completamente diferente”, José Mota, ex-autarca socialista que bateu Luís Montenegro duas vezes nas eleições para a Câmara de Espinho.

Quem também se cruzou em combates autárquicos com Pedro Nuno Santos em São João da Madeira e em Legislativas, no círculo de Aveiro, foi João Almeida do CDS.

Almeida recua a 2009, para revisitar um oponente que “não é muito diferente do que é hoje em dia”, “um político combativo que gosta do confronto”. “Era muito marcado ideologicamente e, portanto, de debates que eram sempre com alta carga ideológica e, no caso dele, muito, muito à esquerda”.

Nos últimos debates televisivos, a atitude aguerrida de Pedro Nuno parece ter estado escondida no início, algo que surpreende ligeiramente o centrista. Compreende que quando alguém está a concorrer para primeiro-ministro, “haja essa tentativa de passar um perfil mais moderado ou mais construtor de consensos”. Mas “isso foge um bocadinho àquilo que é a natureza dele”. E em política, “obviamente, sempre que nós fugimos à nossa natureza, isso poderá ser um risco, um risco muito grande”.


Apesar de a direita, muitas vezes, colar PNS ao extremismo, João Almeida não vê nele “um radical”. Entre ele e Pedro Nuno sempre reinou “um clima positivo”. “Nós sempre nos respeitamos, sempre gostámos de debater, sempre gostámos de nos confrontar, mas nunca houve episódios de maior agressividade. Foi sempre [uma relação] bastante urbana e civilizada”.

O que demora a comer e o ciumento

Falando das qualidades e dos defeitos dos candidatos, em relação ao que os distingue pela positiva, os amigos e família são unanimes. A inteligência, a argúcia, a determinação e o sentido de justiça são normalmente invocados. Mais incomum é conseguir que os mais próximos revelem os defeitos. Ainda que timidamente alguns fizeram-no.

No caso de Pedro Nuno, o presidente da Junta de São João da Madeira, Rodolfo revela dois. O primeiro, comer muito lentamente. “É um defeito terrível. É a pessoa que provavelmente mais tempo demora a comer que eu conheço e eu a mais rápida. Era horrível”, diz, entre sorrisos.

Entre as caraterísticas mais íntimas, Rodolfo surpreende a falar de “alguma insegurança e timidez”, que acha serem normais dado as funções importantes que muito cedo Pedro Nuno assumiu. “Todos nós passamos por momentos de incerteza em relação ao que estamos a fazer, se estamos a fazer bem ou estamos a fazer mal. Sempre teve cargos de responsabilidade e também tinha essa insegurança e esse medo”, revela.

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"Todos nós passamos por momentos de incerteza em relação ao que estamos a fazer, se estamos a fazer bem ou estamos a fazer mal. Sempre teve cargos de responsabilidade e também tinha essa insegurança e esse medo", Rodolfo Andrade, amigo de Pedro Nuno Santos.

Já Paulo Mendes, amigo de Montenegro, destaca o mau perder no desporto. “É capaz de lutar como ninguém para vencer, mas quando não vence, naqueles dez minutos a seguir não digere muito bem”.

Num plano mais pessoal, Luís “é um pouco ciumento”. “Como já sabíamos disso, quando brincávamos já tínhamos isso em consideração”.

O Maserati e os ajustes diretos

Pedro Nuno Santos tem 46 anos e Luís Montenegro tem 51 anos, mas qualquer um deles apesar de relativamente jovem já têm mais de trinta anos de vida política que ao longo das décadas se tem tornado cada vez mais pública. Isso faz com que as polémicas também se vão avolumando.

Comecemos por Pedro Nuno e a forma como o pai e os amigos olham para os episódios que foram ensombrando o percurso do secretário-geral do PS, ou pelo menos merecendo críticas. Uma delas é a do Maserati que choca de frente com as alegadas origens humildes da família que o líder socialista apregoa, quando ainda na apresentação da candidatura à liderança do PS disse ser neto de sapateiro.

“O Pedro nunca teve um Maserati”, diz o amigo Rodolfo. O carro é do pai e “a única coisa que fez foi quando [numa ocasião] chegou a São João da Madeira vindo de Lisboa” pediu as chaves do automóvel ao pai. “Não tinha como andar e pegou no Maserati do pai. O que vamos fazer? Impedir o pai de ter um Maserati?”, questiona.

O caso ficou conhecido porque Pedro Nuno Santos foi para uma ação partidária com o bólide da família e os media deram gás ao episódio.

“O Pedro nunca teve um Maserati”, Rodolfo Andrade amigo de Pedro Nuno Santos.

O pai Américo Santos conta a história com os mesmos pormenores de Rodolfo e acrescenta: “Nós temos de viver a nossa vida consoante as nossas condições. Acham que o Belmiro de Azevedo devia andar de bicicleta apenas porque quando era jovem era pobre?”.

E continua a refletir sobre o significado do episódio e as críticas ao filho. “Parece que se quer criar uma diferença entre os que nascem ricos e que foram sempre ricos, e os que nasceram pobres que têm de levar nas costas a pobreza para singrarem. É mais uma das coisas erradas na nossa sociedade, mas é a vida…”, lamenta.

“Quando nós, à medida que o tempo passa e pelo nosso trabalho, conseguimos ganhar algum dinheiro que nos dá acesso a uma vida melhor e de qualidade, vamos ser condenados por ter um Maserati, um Mercedes ou um Jaguar? Mas a que propósito?”.

E Américo diz mais, garante que gostava de ter um Rolls Royce e que não o compra apenas porque quer deixar mais dinheiro aos netos. E de seguida proclama: “Nós queremos uma sociedade justa, não queremos uma sociedade em que ninguém tem direito a nada, porque cada um faz da sua vida o que deve, o que pode”. Acha que há moralismo nas críticas? “Acho que há estupidez”, remata.

E sublinha ainda que o filho não precisa do dinheiro da política para nada. Garante que podia fazer mais nas empresas da família. “A opção dele é servir e uma parte das contas do Pedro quem as paga somos nós, com todo o prazer porque é nosso filho”.

"Parece que se quer criar uma diferença entre os que nascem ricos e que foram sempre ricos, e os que nasceram pobres que têm de levar nas costas a pobreza para singrarem", Américo Santos, pai de Pedro Nuno.

Em 2022, a oposição exigiu que o então ministro das Infraestruturas e da Habitação se demitisse porque a dita empresa celebrou contratos públicos enquanto Pedro Nuno estava no Governo. Em particular, um por ajuste direto com o Centro de Formação Profissional da Indústria de Calçado, no valor de 19.110 euros para compra de equipamentos da marroquinaria.

À época, o antigo ministro foi chamado ao Parlamento e viu a ligação ser investigada pelo Ministério Público junto do Tribunal Constitucional — que considerou não haver incompatibilidades do agora candidato a secretário-geral do PS.

O agora candidato a primeiro-ministro considerou o caso como uma violência sobre a família, e Américo reconhece que foi difícil de gerir. “Vivo há 73 anos em São João da Madeira, ando na rua e todos me conhecem, e esses ataques infundados fazem mossa, mas não nos ferem”, protesta.

Considera que esta foi uma forma de desmobilizar a família e que uma empresa que está no mercado procura negócio onde quer que ele esteja, mas “quiseram colocar-nos no lugar de uma empresa beneficiada”.

Explica que quando criou a sociedade que gere os destinos grupo industrial, ele e o sócio distribuíram quotas pequenas a cada uma das mulheres e dos filhos, mas que isso em nada se reflete na vida quotidiana da empresa. Pedro Nuno acabou por abdicar da parcela que tinha, mas Américo alerta. “Os políticos também têm de ter cuidado com as leis que fazem, porque senão depois elas caem-lhes em cima”.

E pergunta: “Então se o Pedro for primeiro-ministro não podemos concorrer a concursos? A que propósito?”

Luís Montenegro também se viu envolvido num caso em que estavam em causa contratos públicos. A Sociedade de Advogados Sousa Pinheiro & Montenegro (SP&M) de que Luís Montenegro foi sócio-fundador obteve, desde 2014 até janeiro de 2022, um total de 15 contratos por ajuste direto de entidades públicas no valor de cerca de 679 mil euros, dez dos quais com as Câmaras de Espinho e Vagos.

Luís Montenegro detinha então 50% do capital social da sociedade, tendo vendido a quota antes de ser eleito presidente do PSD, em julho de 2022.

Paulo Sousa Pinheiro defende a legalidade de todos os atos. “Não nos podemos esquecer que a advocacia é um setor que tem subjacente um princípio estruturante, que é o princípio da confiança”, avança. “Na Câmara Municipal de Espinho e da Câmara Municipal de Vagos, as pessoas que lideravam os destinos das autarquias queriam ter advogados de confiança e, portanto, nessa perspetiva, foram celebrados contratos com esta sociedade”, esclarece.

Sousa Pinheiro diz que as câmaras em causa ficaram a ganhar porque passaram a ter numa sociedade o trabalho que tinham espalhados por quarto ou cinco, e que os valores divulgados se diluíram por três, seis ou nove anos. “Em muitos casos pagaram um preço abaixo do mercado”, defende-se. A situação, diz, só teve repercussão pública “pelo facto de o Luís Montenegro ser um dos sócios”.

Recentemente, Montenegro esteve envolvido noutro processo delicado que muita tinta já fez correr. O licenciamento urbanístico da obra dacasa junto à marginal da praia de Espinho. Em 2016, iniciou-se o processo de licenciamento por uma moradia devoluta com 304m2 de área e dois pisos.

Com a autorização do Presidente da Câmara de Espinho, Joaquim Pinto Moreira, Montenegro pode seguir com a construção de uma casa com cerca de 800m2, sendo que demoliu o que existia da casa devoluta e construiu uma nova habitação. Por isso, uma das denuncias põe em causa o projeto ter sido considerado de “reabilitação” e, por consequência, ter usufruído indevidamente de benefícios fiscais.

A mãe de Montenegro, Virgínia, diz que “não foi fácil” para a família lidar com as acusações, mas tem a convicção de que o filho “se limitou a utilizar a lei a favor dele”. “Portanto, não fez nada que não pudesse ter feito, que seja ilegal. Aproveitou as possibilidades da lei. Aliás, ele é advogado, portanto soube tirar partido da legislação. Para mim, é isso”, declara.

Em relação ao que foi dito, revolta-se com as confusões criadas. Falaram em seis andares, mas são “só três”. “Era um espaço pequeno e teve de subir um bocadinho em altura, mas não é nada do que dizem, a casa foi feita à custa do trabalho dele, dos rendimentos dele e não têm nada a criticar”.

E continua as queixas: “Se não fosse político não era criticado. Qualquer pessoa tem o direito de fazer uma casa para si e para a sua família. Há casas muito superiores à dele por aí e não são criticadas. Há muita gente que aproveitou a legislação como ele e não são criticados”.

A mãe que quase atira o telemóvel à TV

Regressando ao presente e à campanha − mais precisamente aos mediáticos debates que podem definir o futuro da eleição – Américo Santos elogia o filho, mas deixa um reparo. “Para mim que conheço o Pedro, a forma como pensa e o que deseja, esteve bem. Embora com uma postura mais comedida do que devia ser, do que o que ele é. Mas ele está numa posição de discutir o lugar de primeiro-ministro”, analisa.

"Aproveitou as possibilidades da lei. Aliás, ele é advogado, portanto soube tirar partido da legislação. Para mim, é isso", Vírginia Esteves, mãe de Luís Montenegro.

Américo diz que o filho tem dado ao país a possibilidade de ver um Pedro diferente: “Calmo” e “com postura de Estado”. “É assim que tem que ser”, defende.

A mãe de Montenegro afirma que tem visto os confrontos televisivos, mas não esconde a irritação que alguns opositores lhe provocam. “Às vezes estou sozinha em casa a ver e já houve um ou outro que me apeteceu atirar o comando à televisão”, diz a sorrir.

Quem mais a irritou? “A senhora do PAN, mais do que o Ventura, acho que passou das marcas”.

José Mota, político que conhece bem os dois candidatos, pensa que na campanha quem mais tem condições para ter um “golpe de asa” e mais “astúcia” é Pedro Nuno Santos. Mas o candidato que tem mais equilíbrio é Luís Montenegro. Por isso, antevê muito equilíbrio.

“Aqueles grandes artistas da política que eram capazes de sozinhos mudar tudo, já não existem em Portugal. Não é isso que é o Luís, nem o Pedro Nuno”, José Mota, ex-autarca em Espinho.

Em relação às mudanças visíveis nos dois candidatos seja para uma maior moderação ou de maior empatia, Mota sublinha que “isso não serve de exemplo para nada”, porque antes das eleições os líderes dos partidos “são todos muito amparados por um conjunto de sábios, alguns até vêm do Brasil”.

“São pagos a peso de ouro só para se preocuparem com essas coisas e dizerem ao líder o que é que o deve dizer aos outros líderes”, garante.


Por isso, José Mota não tem dúvidas em afirmar que “uma campanha eleitoral é uma peça de teatro. Às vezes corre bem, outras vezes corre mal”.

“Aqueles grandes artistas da política que eram capazes de sozinhos mudar tudo, já não existem em Portugal. Não é isso que é o Luís, nem o Pedro Nuno”, remata.

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