03 abr, 2017 - 13:43
A direcção da Associação de Futebol do Porto (FP) espera por decisões do Conselho de Disciplina sobre os incidentes de Canelas. A associação portuense é a entidade que organiza a Divisão de Elite, competição para a qual Rio Tinto e Canelas jogaram dois minutos até à agressão ao árbitro José Rodrigues, pelo jogador Marco Gonçalves.
O presidente da AFP, Lourenço Pinto, explica que há órgãos próprios dentro da entidade para aplicar os regulamentos e agir disciplinarmente em conformidade.
“As direcções das Associações e da Federação não têm nada a ver com a matéria disciplinar. Essa é uma competência exclusiva dos órgãos jurisdicionais que apreciam semanalmente um conjunto de provas que vêm plasmadas nos relatórios dos árbitros, delegados e agentes da autoridade. Só esses documentos conjugados, onde esteja inserta toda a factualidade susceptível de ser apurada, é que irá determinar se o acto praticado cai no âmbito da sanção disciplinar ou de qualquer infracção de ilícito penal. Mas só na posse desses elementos, o Conselho de Disciplina pode tomar as decisões normais. Os órgãos jurisdicionais têm competência para esse efeito e são autónomos. Teremos de aguardar as decisões do Conselho de Disciplina que irá apurar da gravidade dos factos”, diz o presidente da AF Porto em entrevista a Bola Branca.
O dirigente acrescenta ainda no âmbito disciplinar que “o caso foi devidamente apreciado pelo público, agentes policiais, árbitros e delegados e será objecto de apreciação nos órgãos disciplinares da Associação de Futebol do Porto e nas entidades judiciais como estará a correr neste momento no Tribunal de Gondomar”.
Um mau exemplo para o futebol
A associação nortenha já lamentou e repudiou as ocorrências do Rio Tinto-Canelas. Lourenço Pinto critica valores, o acto praticado e elogia a polícia.
“Importa que haja uma força conjunta e colaborante com todas as instituições no sentido de se obter meios para combater todos estes factos que vêm acontecendo ao longo do tempo e que se podem atribuir, a maioria deles, a uma crise de valores das sociedades em geral e que põe em causa toda a responsabilidade que as pessoas devem ter mesmo durante um jogo de futebol”, refere o dirigente.
Lourenço Pinto esteve no estádio do Rio Tinto e viu “uma imagem de muita tristeza para o futebol e de muito mau exemplo para o comportamento de alguns atletas”. O presidente da AF Porto acha também que o incidente “irá transmitir aos árbitros força, perseverança e dedicação”.
Por ter presenciado no estádio a todas as diligências da força de segurança, Lourenço Pinto deixou um elogio à PSP. “No futuro se tivermos forças policiais da qualidade das que ontem tiveram intervenção no campo de futebol, a segurança dos estádios estará garantida. Foram inexcedíveis”, considera.
As causas do actual ambiente do futebol
Na sequência do caso do Rio Tinto-Canelas e de um ambiente menos recomendável em muitos campos de futebol, Lourenço Pinto aponta possíveis causas para reflexão dos agentes do futebol.
“Os factos são aborrecidos mas têm sempre causas remotas ou não. Não vejo com bom grado muitas das discussões por vezes estéreis que vão ocorrendo semanalmente em programas desportivos onde a questão fulcral de discussão e interpretação é o acto praticado pelo árbitro. É escalpelizado de tal modo que em muitos casos causa emoção aos adeptos que depois transbordam para o exterior aquilo que lhes vai na alma quando um árbitro actua em campo. Há programas que deveriam ser mais pedagógicos. Não quero dizer que é a única causa mas seguramente que é uma das causas a ponderar”, conclui.