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Da "máquina de Bolsonaro" à goleada na Suíça. Como explicar o triunfo do Chega na emigração?

21 mar, 2024 - 03:31 • Marisa Gonçalves

Com o apoio da máquina de Bolsonaro no Brasil e uma vitória expressiva na Suíça, o Chega obteve uma larga maioria de votos dentro e fora da Europa e conquistou dois deputados pela emigração nas eleições legislativas antecipadas.

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O partido de André Ventura, o Chega, saiu como vencedor destacado na Europa (18,3% dos votos) e no Brasil, no círculo de Fora da Europa, onde obteve 24,6% dos votos. Uma percentagem superior aos 20,4% de votos conseguidos pela AD e aos 15,3 % de votos obtidos pelo PS, naquele país da América Latina.

O candidato da Aliança Democrática (AD) pelo círculo de Fora da Europa, José Cesário, ficou em primeiro lugar com 22,9 % dos votos, o equivalente a 22.636 votos.

Em segundo lugar ficou o partido Chega com 18,2 % do votos (18.067 votos) e em terceiro lugar o Partido Socialista (PS) com 14,5% dos votos (14.410 votos).

O social-democrata José Cesário aponta que os resultados do Chega, no Brasil, ficam a dever-se a uma campanha “baseada na mentira”, com o apoio do ex-Presidente Jair Bolsonaro.

“O Chega teve um bom resultado, muito aquém do nosso, mas era um resultado que se adivinhava. Teve um apoio maciço e organizado pela máquina política do ex-Presidente Bolsonaro, no Brasil. Uma campanha que foi baseada no engano, na mentira, e que se traduz numa intromissão gravíssima nos assuntos internos de outro país, que é um país irmão, apelando ao voto no 'presidente de Portugal, André Ventura'. Foi uma campanha desigual”, afirmou aos jornalistas, esta quarta-feira, no Centro de Congressos de Lisboa, à margem da contagem dos votos.

Numa reação ao facto de o PS ter sido relegado para terceiro lugar no círculo de Fora da Europa e para o resultado esmagador do Chega na Suíça - com maior número de votos do que socialistas e AD juntos -, o antigo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas nos Governos de Durão Barroso e Passos Coelho aponta responsabilidades ao próprio Partido Socialista.

“Sei bem que na Europa há um sentimento de revolta muito grande, sobretudo na Suíça, junto da nossa emigração e das nossas comunidades em geral relativamente ao país. Essencialmente pela forma como têm sido ignorados e ostracizados. Os serviços não funcionam lá nem cá. Isto tinha de ter um resultado desta natureza. O Governo socialista é o único responsável por aquilo que aconteceu”, declarou aos jornalistas.

José Cesário promete que a AD vai fazer uma “leitura atenta dos resultados”, e garante que vai dar “uma resposta” às comunidades emigrantes.

PS prepara-se para “combate determinado” após eleição pelo círculo da Europa

O PS elegeu o deputado Paulo Pisco pelo círculo da Europa com 16,22% dos votos, tendo sido ultrapassado pelo Chega. O cabeça-de-lista eleito pelo Partido Socialista mostrou satisfação pela sua eleição, num contexto que considerou difícil.

“É sempre importante [a eleição], ainda para mais, pelo facto de ter sido eleito neste contexto de grande dificuldade em que houve uma dissolução da Assembleia da República, e em que houve um aumento muito expressivo da votação no Chega, nas nossas comunidades”, declarou aos jornalistas, esta quarta-feira, no Centro de Congressos de Lisboa, após ser confirmada a sua eleição.

“Sinto também um dever de participar num combate muito determinado relativamente a todas estas forças que agora vão também disputar o contexto emigração portuguesa. É um desafio muito grande. Obviamente que estou satisfeito, mas começa agora uma nova fase neste combate pelas nossas comunidades”, sublinhou.

O Chega foi o vencedor das eleições no círculo da Europa, com 18,31% dos votos, elegendo como deputado José Dias Fernandes.

O partido de André Ventura obteve um recorde de 32,6% dos votos na Suíça. É um resultado que deixa muito distante o segundo lugar ocupado pela AD, com 12,8% dos votos naquele mesmo país.

Tais números levam o socialista Paulo Pisco a dizer que “é na Suíça que o Chega constrói a sua vitória, no círculo da Europa”, afirmando ser este um fator que merece reflexão.

“Temos aqui uma situação que é preocupante porque estamos a falar de um partido que não tem as mesmas credenciais democráticas que têm muitos outros partidos. O partido Chega está associado à mesma família política da extrema-direita e tem amizades, em termos internacionais, nesse sentido, na Europa e fora da Europa. Portanto, têm posições muito contrárias aos direitos dos imigrantes. Temos de perceber o que motivou essa votação expressiva”, declarou.

Comentários
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  • Lopes da Silva
    23 mar, 2024 Cantanhede 13:56
    Muito bem, continuem a mastigar a cartilha politicamente correta e a passear a v/ superioridade moral chamando fascistas e racistas a quem não pensa como vocês,. Assim é que se vai longe! E continue o Sr Presidente da República a mandar para cá os amigos brasileiros do filho para tratamentos pagos pelo contribuinte no SNS, e continuem a vir governos nacionais e regionais a baixo por causa de casos judiciais.... Assim é que está bem! E os portugueses cá continuarão a votar sempre nos mesmos (ou então não, mas isso logo se vê )
  • Jose Carlos Fonseca
    21 mar, 2024 Maia 11:08
    Só ouvem os perdedores?

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