27 nov, 2020 • José Bastos
A pandemia colocou a indústria global do vestuário e moda no meio de uma (re)evolução à velocidade máxima. A turbulência sentiu-se em todos os subsetores da indústria em semanas, já que, em todo o mundo, os consumidores seguiram as ordens de confinamento, com pouca vontade, ou necessidade, de usar em casa mais do que roupa casual.
Sem um guia para um desafio sem igual, os atores do setor estão a tentar transformar os hábitos de negócio e encontrar novas formas de envolver os consumidores. Os gestores repensam as cadeias de abastecimento e os processos com que se produz vestuário, apostando nas plataformas de venda eletrónica com o que agora se conhece como “roupa de trabalho em casa”.
“Vamos evoluir em direção ao que todos parecem sugerir ser uma espécie de novo normal”, afirmou Pete Nordstrom, presidente da Nordstrom, num debate organizado em abril pela Vogue.”Vamos ter de ser flexíveis”. O excesso de roupa voltou a inundar os mercados quando a China reabriu as fábricas, mas os armazéns estão cheios de roupa de primavera e a incerteza domina a procura nos primeiros meses de 2021.
A indústria da confeção, poderá sofrer prejuízos em 80% dos atores na Europa e América do Norte, de acordo com o estudo Business of Fashion y McKinsey & Company. Mas o problema dos ajustamentos já existia antes da pandemia e alguns especialistas indicam que a crise pode precipitar uma revolução em todo o ecossistema da indústria da moda, tornando-o incomparavelmente mais ágil.
O vestuário será sempre uma forma de expressão da própria identidade. Mas emergem alguns sinais – a favor da sustentabilidade e em detrimento da fast fashion – prometendo alterar num futuro próximo hábitos de consumo e o quadro da indústria. Mais consumidores questionam se o futuro trará uma nova forma de relacionamento com a roupa. Os departamentos de marketing também estudam alterar o “vou-te vender” para um mais amistoso “vou-te escutar e perceber o que queres”.
No plano estratégico de quem lidera a indústria este é o momento de saber onde estão centradas as reflexões mais profundas e que ângulos os players do setor consideram serem oportunidades de mudança. Os gestores aludem agora à necessidade da rastreabilidade das cadeias de abastecimento, o esforço para reduzir resíduos para zero waste, e a transformação dos processos de desenho, produção e reciclagem na economia circular.
César Araújo, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção, passa em revista a situação do setor em Portugal e projeta os novos caminhos a que todos foram conduzidos pela crise pandémica numa indústria sensível a pessoas e ao planeta.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus