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Médicos de Saúde Pública

Falha de prevenção na base do aumento do consumo de tabaco e de substâncias ilícitas

23 jun, 2023 - 09:33 • João Cunha , Olímpia Mairos

Presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública defende que é necessária uma aposta clara para libertar a população das dependências.

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O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges, diz que os dados sobre dependências conhecidos esta sexta-feira revelam uma falha na prevenção deste tipo de comportamentos.

“Há aqui, claramente, uma falha na prevenção destes comportamentos e precisamos de fazer uma aposta clara para libertar a população portuguesa destas dependências”, diz Tato Borges à Renascença.

Entre as conclusões do V Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral 2022, promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) destaca-se o facto de, apesar das restrições ao longo dos últimos anos, o consumo de tabaco e álcool continua a aumentar em Portugal.

Na visão de Gustavo Tato Borges, a aposta deveria passar por “muito por educação para a saúde, pela regulação destes produtos todos, por uma fiscalização mais intensa e pela responsabilização de vários parceiros sociais”.

Além disso, passa também pelo “controlo da venda destes produtos, aqueles que são lícitos, e uma fiscalização muito mais apertada dos locais de produção e de tráfico de substâncias aditivas, como como as drogas”.

"Cabe à sociedade denunciar"

O presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública dá mesmo um exemplo prático da falha na prevenção.

“Todos nós sabemos que o tabaco apenas é vendido a maiores de idade - supostamente -, mas há muitos locais onde jovens conseguem arranjar maneira de comprar, seja porque conhecem a pessoa que está no restaurante, ou no café ou no local de venda, seja porque tem um amigo mais velho que vai comprar”, exemplifica.

Para Gustavo Tato Borges cabe a cada um de nós, como sociedade, “denunciar”, acrescentando que a denúncia “não é necessariamente às autoridades, mas dizer que este comportamento não é aceitável, a mesma coisa com o álcool”.

Apesar de tudo, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública considera que os resultados deste inquérito podem indicar um dado positivo: uma maior sensibilização dos profissionais de saúde no diagnóstico.

A prevalência do consumo de tabaco em Portugal aumentou de 48,8% para 51% entre 2017 e 2022 e a do consumo de álcool de 49,1% para 56,4%, enquanto o uso de sedativos está nos 13%, abaixo dos 22,%5 em 2001.

Os dados fazem parte do V Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral 2022, promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), que retrata a mais recente informação sobre o uso de substâncias ilícitas, lícitas, jogo e ecrã.

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