08 jan, 2024 - 13:10 • Redação
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, assume responsabilidade pela falta de consistência da equipa e, "se existir uma crise de identidade", é no treinador que se sente.
"O FC Porto foi perdendo jogadores de grande qualidade e não foi por isso que deixou de se reinventar, criar novas dinâmicas e de ter equipas a jogar de forma diferente, mas sempre com o objetivo de ganhar. Se há crise de identidade, sou eu que a tenho. A equipa está lá, tenta meter cá para fora o que pedimos. Estamos aqui todos para trabalhar e melhorar", começa por dizer, em conferência de imprensa.
Depois do empate no dérbi no Bessa, frente ao Boavista, a equipa recebeu alguns assobios dos adeptos portistas. Conceição sente um apoio "fundamental e total" e destaca a importância das críticas.
"Apoio sempre foi igual, muito apaixonados pelo clube, a quererem vitórias em todos os jogos. Não nos deixaram de apoiar no último jogo, isso é que é de louvar, e é isso que esperamos amanhã. O jogador profissional tem de ouvir aplausos e alguns assobios, tem de ouvir alguns nomes que saem da bancada, de adeptos apaixonados, que gostam do clube. Não é só no FC Porto, vê-se por aí fora essas manifestações. Quando se ganha, é tudo bonito e bom. Quando se perde, nem tanto", explica.
Sobre o mercado de transferências e os reforços que chegaram ao FC Porto no verão e ainda não vingaram, Conceição pede tempo para a adaptação e destaca algumas lesões.
"O processo de adaptação e a evolução do jogador somos nós que avaliamos diariamente. Posso não entender nada de treino, mas ando aqui há muito tempo, não sou cego, sei ver a evolução do jogador e o que as pessoas esperam, vendo alguns momentos do jogador em campo. O Iván Jaime, por exemplo, teve dois meses parado. Quando eles estão a reagir bem, a treinar sem limitação, fica mais fácil metê-los dentro da equipa, assim como aproveitarem o momento sem andarem a entrar e a sair", diz, antes de prosseguir.
"Uma coisa é ter contratações, outra é ter reforços. Com isto, não estou a dizer que os que vieram não são reforços. São reforços, mas a seu tempo. Gostaria de ter Cristiano Ronaldo, Messi, nos seus melhores anos. Isso eram reforços. Depois, fazemos contratações ao longo dos anos, e alguns são verdadeiramente reforços, anos depois. Isto não é só no FC Porto, é em todas as equipas", atira.
Conceição contextualiza ainda os casos de Nico González e de Iván Jaime e compreende a pressa dos adeptos.
"O Iván Jaime, com todo o respeito, veio do Famalicão, é jovem. O Nico vem do Barcelona sem ter muitos minutos, vem de um contexto completamente diferente, para um campeonato diferente e uma equipa diferente. Leva o seu tempo. Agora, se queremos metê-los só porque somos simpáticos para as pessoas, ou meter um jovem porque vem da equipa B e tem percurso. Não é por aí. Olho para os melhores, dependendo dos treinos", prossegue.
O FC Porto volta a jogar com o Estoril, desta vez para a Taça de Portugal, uma equipa com a qual já perdeu duas vezes esta época. Conceição assume que "há coisas a melhorar", mas destaca também um recorde da equipa na competição.
"Não vou falar das 17 vitórias seguidas, que é o recorde na Taça, mas podia falar. Há coisas a melhorar, obviamente que sim. Por isso é que somos os eternos insatisfeitos. Sabemos que podemos fazer mais e melhor. Se as oportunidades tivessem entrado, se tivéssemos ganho 4-1 no Bessa, as coisas eram completamente diferentes. Se calhar não tínhamos os tais 'palhaços, joguem à bola' que tivemos no final do jogo", diz, antes de concluir.
"O futebol é isto, vivemos de resultados. Queremos estar em primeiro, mas não nos podemos esquecer que somos das 16 melhores equipas da Europa. Queríamos estar na final four, na liderança do campeonato, mas a verdade é que estamos a cinco pontos, temos de receber os rivais, que estão à nossa frente", termina.
O Estoril-FC Porto joga-se esta terça-feira, às 20h45, com relato no site da Renascença.