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Portugal é dos países onde se morre menos em casa

03 jan, 2024 - 00:01 • Anabela Góis

O trabalho foi desenvolvido por investigadoras portuguesas com dados de mais de 100 milhões de óbitos em 32 países e permitiu perceber o impacto que a pandemia teve no local onde as pessoas morreram.

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Portugal é um dos países onde se morre menos em casa, de acordo com um novo estudo da Universidade de Coimbra, divulgado esta quarta-feira.

O trabalho foi desenvolvido por investigadoras portuguesas com dados de mais de 100 milhões de óbitos em 32 países e permitiu perceber o impacto que a pandemia teve no local onde as pessoas morreram.

Os dados são, ao todo, relativos entre 2012 e 2021 e é publicado esta quarta-feira publicado na revista "eClinicalMedicine" do grupo Lancet.

A tendência do aumento de morte hospitalar e investimento insuficiente nos cuidados paliativos domiciliários são apontados como as principais causas destas conclusões.

À Renascença, uma das investigadoras, Sílvia Lopes, explica que "houve um aumento da percentagem de morte em casa em 23 países, em muitos dos quais a esse aumento já era observado antes da pandemia", enquanto Portugal "está em contra ciclo em relação à maioria dos países. quer porque se morre menos em casa do que em outros países, quer porque, ao contrário, também do que foi observado em outros países, houve uma redução da percentagem de mortes em casa durante a pandemia, para o conjunto de todas as doenças".

A docente da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa refere que Portugal "está alinhado com os restantes países" no caso de doença oncológica, em que houve "um aumento da percentagem de mortes em casa durante a pandemia".

"Uma das hipóteses para esta diferença comparativamente ao global pode ter a ver com o facto de ser uma doença com uma trajetória mais previsível e que estes doentes possam ter beneficiado de cuidados paliativos numa fase mais precoce da sua da sua doença e de uma forma mais integrada e que permitiu esta esta evolução, que foi diferente daquela que se observou a nível geral". refere.

A especialista sublinha que "a questão do local de morte é multifatorial" e depende "dos recursos disponíveis nos hospitais, depende dos recursos disponíveis em casa e depende também de fatores culturais e de fatores históricos.

"Em Portugal, estamos a falar de valores que eram 24,9% em 2018/19 e 23,2% em 2020/21 para o conjunto de todas as doenças. Ou seja, se se compararmos a escala de Portugal com os outros países, vemos que, em termos de percentagem de morte em casa, estamos cerca de 10 pontos percentuais abaixo dos valores que registados na média do conjunto dos países analisados", acrescenta Sílvia Lopes.

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