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A curta, mas majestosa carreira de Kelvin Kiptum que vai ficar na história do atletismo

12 fev, 2024 - 18:30 • Redação

Kiptum faleceu precocemente, no passado domingo, vítima de um acidente de carro. Fica como legado o recorde mundial na maratona de um atleta que já passou por Portugal.

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Foi em outubro de 2023 que Kelvin Kiptum se consagrou como recordista mundial, em Chicago, com um tempo duas horas e 35 segundos. Contudo, o mundo ficou pela primeira vez em alerta com a rapidez do queniano em dezembro de 2022. Em Valência, tornou-se no terceiro maratonista mais rápido do mundo com um tempo histórico de duas horas, um minuto e 53 segundos.

A partir dali foi sempre a melhorar. Em Londres, em abril do ano passado, os olhos estavam todos postos em Mo Farah, corredor britânico que fez a sua última maratona antes da reforma. Mas quem roubou as atenções foi o jovem queniano, que completou a prova em duas horas, um minuto e 25 segundos, fazendo novamente história com o segundo tempo mais rápido de sempre.

Kiptum foi ameaçando o recorde mundial ao longo de 2023 e a consagração chegou em outubro, em Chicago. Bateu o registo que pertencia ao compatriota Eliud Kipchoge, com um tempo de duas horas e 35 segundos.

Foram três vitórias em apenas três corridas, que culminaram com um recorde mundial. É um legado inesquecível para a curta carreira do atleta de 24 anos que faleceu este domingo, vítima de um acidente rodoviário.

Era apontado como o favorito para se tornar o primeiro humano a completar, numa prova oficial, os 42,2 quilómetros da maratona em menos de duas horas.

Kiptum nasceu e cresceu no Quénia. Trabalhou na quinta de bovinos da família e, aos 13 anos, começou a correr juntamente com atletas locais. Os trilhos ficavam perto de casa e a paixão foi crescendo juntamente com a vontade de fazer. Foi o início de algo memorável.

A curta carreira passou ainda por Portugal e foi em Lisboa que arrancou a carreira. Em 2019, ainda era um atleta adolescente e sem noção da glória que iria alcançar quando fez a sua estreia internacional na meia maratona de Lisboa. Acabou a prova em quinto lugar.

Algo que muitos apaixonados pelo atletismo podem não saber, segundo o "Daily Mail", é que Kelvin Kiptum corre mais rápido nas segundas partes das maratonas do que nas primeiras. Em Londres, percorreu pouco mais de 21 quilómetros em 59 minutos e 45 segundos e em Chicago correu a mesma distância em 59 minutos e 47 segundos.

Os mais atentos ao mundo do atletismo estavam atentos ao que Kiptum iria fazer em abril, em Roterdão e, posteriormente, em Paris nos Jogos Olímpicos, mas a tragédia trocou as voltas dos espectadores. O frente a frente com Kipchoge nunca irá acontecer.

As reações à morte

O quatro vezes campeão olímpico, Mo Farah, lamentou a morte do atleta dizendo que foi um “talento especial”, como só existe um em cada geração, e que “teria uma carreira incrível”. “O Kelvin era um atleta incrivelmente talentoso e já tinha conquistado tanto”, acrescentou o corredor britânico. A verdade é que muito ainda ficou por conquistar na curta carreira do maratonista.

Kipchoge, seu rival e compatriota a quem Kiptum roubou o título de recordista mundial, também mostrou as suas condolências ao corredor. "[Kiptum foi] um atleta que tinha uma vida inteira pela frente para alcançar uma grandeza incrível", lamentou Kipchoge.

Eliud Kipchoge já completou uma maratona em Viena numa hora, 59 minutos e 40 segundos. Contudo, o resultado não conta como oficial, uma vez que se tratou de um evento patrocinado e no qual Kipchoge correu com um grupo de atletas que ajudava a manter o ritmo.

O atletismo perdeu uma estrela incomparável. Ficou por cumprir o sonho de cumprir uma maratona em menos de duas horas, mas fica para sempre o seu legado.

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