10 fev, 2024 - 18:18 • Ricardo Vieira, com Reuters
A Presidente da Hungria, Katalin Novak, demitiu-se este sábado, depois de um perdão a um homem condenado por encobrimento num caso de pedofilia ocorrido numa instituição de acolhimento de crianças.
“Cometi um erro. Hoje é o último dia que me dirijo ao país como Presidente”, anunciou Katalin Novak, numa declaração ao país.
Aliada do primeiro-ministro, Viktor Orban, a chefe de Estado tem estado no olho do furacão devido à sua polémica decisão.
Esta semana, a oposição na Hungria exigiu a sua demissão e, na sexta-feira, milhares de manifestantes protestaram junto à residência oficial de Katalin Novak.
“Tomei a decisão de conceder o indulto, em abril passado, acreditando que o condenado não abusou da vulnerabilidade das crianças que supervisionava. Cometi um erro porque o perdão e a falta de fundamentação suscitaram dúvidas sobre a tolerância zero que se aplica à pedofilia", disse a Presidente húngara, na sua declaração ao país, transmitida pela televisão.
A polémica provocou outra baixa no partido Fidesz. A antiga ministra da Justiça Judit Varga demitiu-se do cargo de deputada e assumiu a responsabilidade pelo perdão.
"Demito-me da vida pública, resigno ao meu mandato de deputada e ao lugar de cabeça de lista nas eleições europeias", anunciou Judit Varga.
Numa manobra de contenção de danos, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, apresentou na quinta-feira uma proposta de emenda constitucional no Parlamento, retirando ao Presidente o poder de conceder indultos a crimes contra crianças.
O escândalo é um raro revés para Orban, que está no poder desde 2010 e que enfrenta as eleições para o Parlamento Europeu no momento em que o país recupera da crise inflacionária.
Orban tem feito campanha durante anos para proteger as crianças do que ele descreveu como ativistas LGBTQ que "rondam" as escolas do país. Esta tem sido uma das várias questões sobre as quais chefe do Governo húngaro entrou em conflito com a Comissão Europeia.