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"Alarmante". Ordem denuncia exames médicos por pessoas sem habilitação

16 mar, 2024 - 00:18 • Anabela Góis

Em muitos casos "os cursos são dados online". A situação é grave, pode originar diagnósticos incorretos ou exames e tratamentos desnecessários, e até pôr em risco a vida dos doentes, alerta a Ordem dos Médicos.

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Estão a aumentar os cursos e as pessoas que fazem tratamentos e exames médicos sem formação adequada, nem supervisão, o que representa um risco para a saúde dos doentes, denuncia a Ordem dos Médicos (OM).

A Ordem vai avançar com queixas contra estas entidades junto dos órgãos competentes, incluindo a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e o Ministério Público (MP).

Hugo Marques, presidente do Colégio de Especialidade de Radiologia da OM, diz à Renascença que estão em causa várias áreas de especialidade, incluindo ecografias e técnicas invasivas com administração de medicamentos.

“Há variadíssimos cursos de formação de atos médicos, nomeadamente ecografias, atos de medicina estética, atos terapêuticos de intervenção guiados por imagens, inclusivamente, alguns raio x em que pessoas não médicas administram cursos, sendo que as pessoas que fazem os cursos nem se apercebem que a formação não é válida para absolutamente nada e que, se praticarem algum daqueles atos, estão a ir contra a lei.”

Em muitos casos, acrescenta Hugo Marques, “os cursos são dados online”.

Segundo o responsável da Ordem dos Médicos, “a situação tem vindo a agravar-se, tipo bola de neve, a um ritmo alarmante”. Só cursos já foram detetados mais de 50 e pessoas que praticam estes atos médicos sem terem competência basta procurar: “realizam, ecografias, biópsias, infiltrações, exames de radiologia e administração de fármacos, nomeadamente, na medicina estética. Há de tudo, desde esteticistas a técnicos de saúde a fazer isto”.

A situação é grave e, segundo Hugo Marques, pode originar diagnósticos incorretos ou exames e tratamentos desnecessários, e até pôr em risco a vida dos doentes.

“Podem, de facto, surgir diagnósticos errados. Imagine alguém que vai fazer um exame a um destes locais e é informado de que está tudo bem e, afinal, tem um tumor. Quando chega ao hospital pode já não estar em fase passível de tratamento mas apenas de paliação. A sobrevida a cinco anos cai de 80% para 5%”, exemplifica.

Outra questão é que, “em muitos casos, quem recorre a estas pessoas não percebe o risco que corre. Não sabe que quem está a fazer isto não tem preparação, não é médico, e nem se apercebe que aquilo é um ato médico que pode pôr em risco a sua saúde”, alerta Hugo Marques.

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