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Guerra no Médio Oriente

Obama sobre guerra Israel-Hamas: ações em Gaza "podem ter efeitos adversos"

24 out, 2023 - 11:41 • Reuters

"Cortar comida, água e eletricidade a uma popuçação civi em cativeiro [em Gaza] ameaça [...] endurecer as atitudes palestinianas ao longo de gerações", avisa antigo Presidente dos EUA em raro comentário político.

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Algumas das ações de Israel na sua guerra contra o Hamas, como cortar o abastecimento de água e comida a Gaza, podem "endurecer as atitudes dos palestinianos durante gerações" e enfraquecer o apoio internacional a Israel, disse o antigo Presidente dos EUA, Barack Obama, na segunda-feira.

Num raro comentário a uma crise de política externa ativa, Obama disse, em comunicado, que qualquer estratégia militar israelita que ignore os custos humanos da guerra "pode acabar por ter efeitos adversos".

"A decisão do Governo israelita de cortar [o abastecimento] de comida, água e eletricidade a uma popuçação civi em cativeiro [em Gaza] ameaça não só piorar a crescente crise humanitária, mas também endurecer as atitudes palestinianas ao longo de gerações, erodir o apoio global a Israel, jogando a favor dos inimigos de Israel, e minar os efeitos de longo prazo para alcançar estabilidade e paz na região."

Israel tem bombardeado intensamente Gaza com ataques aéreos desde o ataque de larga escala do Hamas a 7 de outubro, que deixou mais de 1.400 pessoas mortas. Os ataques aéreos de Israel já mataram mais de 5 mil palestinianos, de acordo com as autoridades em Gaza.

Obama condena o ataque do Hamas e reitera o seu apoio ao direito de Israel a defender-se, mas deixa avisos sobre os riscos de guerras como estas para os civis.

Não é claro se Obama coordenou estas declarações com o atual Presidente norte-americano, Joe Biden, que foi seu vice-presidente durante oito anos.

Ao longo da sua presidência, Obama apoiou o direito de Israel a defende-ser no início de conflitos com o grupo islamita palestiniano Hamas em Gaza, mas depressa pediu sempre contenção a Israel quando o número de palestinianos mortos aumentava na sequência de bombardeamentos.

Gaza, uma faixa de território com 45 quilómetros de comprimento onde residem 2,3 milhões de pessoas, está desde 2007 sob controlo político do Hamas, um grupo islamita apoiado pelo Irão, enfrentando um bloqueio de Israel desde esse ano.

A administração Obama tentou, mas em última instância falhou, alcançar um acordo de paz como mediadora de negociações entre Israel e os palestinianos.

Desde que assumiu a presidência no início de 2021, Biden não tentou retomar as negociações há muito estagnadas, alegando que os líderes dos dois lados são demasiado intransigentes e que o clima político não é o melhor.

Obama e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tiveram uma relação por vezes irascível quando o antigo Presidente ocupava a Casa Branca, incluindo quando a administração Obama esteve a negociar um acordo nuclear com o Irão.

Biden acabou por agir, muitas vezes, como mediador dos dois Governos enquanto vice-presidente de Obama.

No mesmo comunicado ontem divulgado, Obama reconheceu que os próprios EUA "ficou aquém dos seus valores mais estimados quando se envolveu em guerras", especialmente depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001.

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