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Castelo de Vide inaugura Casa da Cidadania Salgueiro Maia

30 jun, 2021 - 10:37 • Rosário Silva

Considerado um “herói nacional”, o capitão de abril faleceu prematuramente, em 1992. O espólio, que doou ao município de Castelo de Vide, terra onde nasceu, fica agora patente no novo espaço museológico.

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Para “divulgar os valores da fraternidade, liberdade e democracia às novas gerações”, é inaugurada quinta-feira, 1 de julho, em Castelo de Vide, a Casa da Cidadania Salgueiro Maia. O acontecimento marca precisamente a data do aniversário do capitão de abril que, se fosse vivo, completaria 77 anos de idade.

O novo espaço museológico, localizado no castelo do município do distrito de Portalegre, que é património do Estado, resulta de um projeto conjunto entre a Câmara Municipal de Castelo de Vide e a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo).

Em nota enviada à Renascença, a DRCAlentejo explica que a Casa da Cidadania Salgueiro Maia, pretende, também, “promover a visibilidade de uma personalidade que representa a essência da revolução do 25 de Abril de 1974”, considerado “um Herói Nacional”, por via do “espólio que doou à autarquia da terra onde nasceu, cumprindo a vontade que deixou expressa em testamento, relativa à respetiva musealização.”

Entre as peças que integram o núcleo museológico encontra-se “o conhecido megafone com o qual, a 25 de Abril de 1974, no Largo do Carmo, em Lisboa, o capitão Salgueiro Maia intimou Marcelo Caetano a render-se e a entregar o poder às forças da democracia”, indica a DRCAlentejo.

O espaço museológico apresenta, ainda, o uniforme militar usado nesse dia, “entre outros uniformes, divisas, estandartes e insígnias, diplomas e louvores, documentos militares e fichas escolares” do capitão.

Neste núcleo foram investidos mais de 1,1 milhão de euros, o que corresponde à primeira e mais importante fase do projeto, uma vez que está prevista uma segunda fase, com a instalação de uma loja, uma sala de exposições, e uma área para bar e esplanada.

Para tornar possível a concretização deste projeto, a DRCAlentejo apresentou uma candidatura aos fundos comunitários, celebrando um protocolo com a Câmara de Castelo de Vide para assegurar a contrapartida nacional deste investimento, cofinanciado em 85% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

O projeto técnico é da responsabilidade da DRCAlentejo, dona da obra, e a museologia tem a autoria do historiador Fernando António Baptista Pereira e presidente da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

Dia de festa em Castelo de Vide

Para celebrar esta efeméride, foi preparado um programa que se desenrola ao longo desta quinta-feira, a começar pela manhã com o hastear das bandeiras no edifício dos Paços do Concelho, a que se segue uma salva de morteiros em comemoração dos 77 anos do oficial de Cavalaria.

A apresentação do livro “Das Guerras em África à Revolução dos Cravos”, de Moisés Cayetano Rosado, com prefácio de Marcelo Rebelo de Sousa, uma sessão de autógrafos, a deposição de flores junto ao busto de Salgueiro Maia e a abertura da exposição “A Chaimite na Revolução – Momentos”, de Alfredo Cunha, são iniciativas que integram o programa deste primeiro dia de julho.

O ponto alto, contudo, acontece a partir das 16h30, com a inauguração da Casa da Cidadania Salgueiro Maia, com a presença anunciada do Presidente da República, seguindo-se, pelas 18h00, um concerto evocativo dos 77 anos do capitão de abril, pela Orquestra Sem Fronteiras, na Igreja Matriz de Castelo de Vide.

Recordado como um grande herói da "Revolução dos Cravos", o capitão Fernando Salgueiro Maia tinha 29 anos quando o Movimento das Forças Armadas (MFA) lhe atribuiu um papel determinante na madrugada em que o regime do Estado Novo seria derrubado, depois de 48 anos de ditadura.

Dando cumprimento ao plano delineado pela Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães, Salgueiro Maia comandou a coluna militar que saiu de Santarém e marchou sobre Lisboa, ocupando o Terreiro do Paço às primeiras horas do dia 25 de abril de 1974. Mais tarde, foi também ele que comandou o cerco ao Quartel do Carmo, que terminou com a rendição de Marcelo Caetano.

Dotado de enorme coragem, apontado como exemplo de modéstia e de integridade, o homem e o militar que lutou pelo seu país, faleceu prematuramente em 1992, com apenas 47 anos.

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