01 jan, 2021 - 10:02 • Ricardo Vieira , João Carlos Malta , com Lusa
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O fadista Carlos do Carmo morreu esta sexta-feira, no primeiro dia de 2021, aos 81 anos. O cantor tinha dado entrada ontem no Hospital Santa Maria com um aneurisma.
A notícia foi avançada pelo semanário Expresso e confirmada pela filho Alfredo Carmo e pela editora.
Nascido em Lisboa, em 21 de dezembro de 1939, Carlos do Carmo era filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998) e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística em 1964.
Foi o primeiro artista português a conquistar um Grammy. Carlos do Carmo foi galardoado com o Grammy Latino de Carreira, em 2014.
O seu percurso passou pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, do 'Canecão', no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres.
Despediu-se dos palcos no passado dia 9 de novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
A Enciclopédia da Música Portuguesa no Século XX aponta Carlos do Carmo como "um dos maiores referenciais" no fado.
"As transformações que Carlos do Carmo operou [no fado] foram influenciadas pelos seus gostos musicais que incluíram referências externas" como a Bossa Nova, do Brasil, e os estilos próprios de cantores como Frank Sinatra (1915-1998), Jacques Brel (1929-1978) e Elis Regina (1945-1982), segundo a enciclopédia da música portuguesa.
A enciclopédia destaca que, desde a década de 1970, "acentuou as inovações musicais", tornando-o "no representante máximo do chamado ‘fado novo'", com trabalhos como o álbum "Um Homem na Cidade" (1977).
Foi um dos principais e mais determinantes embaixadores da Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, e desempenhou um "papel fundamental na divulgação dos maiores poetas portugueses", como destacou o júri do Prémio Vasco Graça Moura de Cidadania Cultural.
O fadista celebrizou canções como "Bairro Alto", "Fado Penélope", "Os Putos", "Um Homem na Cidade", "Uma Flor de Verde Pinho", "Canoas do Tejo", "Lisboa, Menina e Moça".
Carlos do Carmo despediu-se dos palcos no passado dia 9 de novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, tendo recebido na altura a Medalha de Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, pelo seu "inestimável contributo" para a música portuguesa.
Carlos do Carmo, uma das maiores figuras da histór(...)
A medalha foi a última, entre várias distinções que recebeu, ao longo de um percurso artístico de 57 anos.
Quando da despedida dos palcos, disse: “Vou fazer 80 anos. 80 anos é uma idade. Há pessoas que têm uma grande capacidade de durar até aos 90 a cantar, até aos 1000. Não é o meu caso. Este será o ano da despedida e será o ano da despedida sem amarguras, sem azedumes, será o ano da despedida com muita muita muita gratidão a todas as pessoas que me têm dado ao longo da vida tantas tantas alegrias e generosidade. Um abraço para todos”.
"Fiz este meu caminho que não foi das pedras, mas que considero um caminho sempre saudável e que me levou sempre a ter uma perspetiva de ser solidário com os meus companheiros (...). Não me recordo de ter feito uma sacanice a um colega de profissão. E, para esta nova geração, estou de braços abertos", afirmou Carlos do Carmo, que morreu esta sexta-feira aos 81 anos.