19 ago, 2021 - 18:04 • Redação
A Diocese de Lamego anunciou que vai apresentar queixa no Ministério Público (MP) após a ocorrência de incidentes na paróquia de Mêda.
A situação aconteceu no domingo passado, 15 de agosto, quando o bispo D. António Couto se deslocou à igreja de São Bento da Mêda por ocasião da Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria.
A Diocese de Lamego explica, em comunicado divulgado esta semana, que o bispo e o padre local foram recebidos por um grupo de manifestantes que se insurgiam contra a transferência de irmãs da Congregação das Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus (MRSJC).
“Tinham, à sua chegada à igreja, grupos de contestação organizados que aos gritos insultaram o Sr. Bispo e o Pároco por estes terem expulsado as Irmãs, e aparentemente exigiam que o Bispo lhes desse uma resposta, ali no meio do barulho, sobre o assunto”, refere a nota.
D. António Couto seguiu “calmamente para a igreja” e o padre “pediu aos manifestantes para respeitarem o lugar sagrado onde se encontravam e a celebração que aí ia decorrer”.
A missa ainda começou, mas acabou por ser suspensa porque os protestos subiram de tom no exterior da igreja.
“O tumulto e a gritaria lá fora e às portas da igreja aumentava de tal maneira, que a celebração não podia continuar. O Sr. Bispo reiterou o apelo à serenidade e ao respeito. Depois de trocar breves impressões com o Pároco, o Sr. Bispo dispensou as pessoas que estavam na igreja para participar na celebração, do cumprimento desse dever Dominical e de Dia Santificado.”
A Diocese de Lamego conta que “foi então que o Sr. Bispo se deparou com o Sr. Cabo-Chefe da GNR do posto da Mêda, que, entretanto, tinha entrado para o corredor do Templo, armado, e não com o propósito e atitude de rezar”.
D. António Couto interpelou o militar acerca da manifestação que “impedia a prática do culto naquela igreja”.
“O Sr. Cabo-Chefe da GNR respondeu ao Sr. Bispo que as pessoas tinham direito a manifestar-se. E o Sr. Bispo perguntou se as pessoas que estavam ali para aquela celebração não tinham também direito à prática do culto. Viu-se que ficou embaraçado, mas não se atreveu a responder”, adianta o comunicado.
A diocese argumenta que a manifestação “fez-se, sem a prévia e devida autorização, impedindo toda uma comunidade dos fiéis de celebrar a sua fé”, um direito garantido pela Constituição e pela Concordata.
“Por tudo isto e de tudo isto, pela gravidade dos factos, e pela incúria, mormente de quem tem o dever de manter a ordem, e para que tais abusos não se voltem a repetir, nem na Mêda nem em lado nenhum, será feita, o mais breve possível, denúncia no Ministério Público”, conclui a Diocese de Lamego.
O comunicado também esclarece que a transferência das irmãs da Congregação das Missionárias Reparadoras do Sagrado Coração de Jesus é da competência da superiora geral e não do bispo ou do pároco local.