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JMJ

Cristo devolve-nos a “autenticidade” num tempo de “amigos” virtuais

27 set, 2021 - 12:04 • Filipe d'Avillez

A mensagem do Papa para a Jornada Mundial da Juventude de 2021 convida os jovens a evitar que as suas paixões os levem a abraçar ideologias destrutivas.

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O Papa Francisco pede aos jovens que abram o coração a Cristo, cuja luz é o antídoto contra a falsa fama das redes sociais.

Recordando que a imagem apresentada nessas redes virtuais é muitas vezes falsa, ou virtualmente enaltecida, Francisco recomenda uma dose de autenticidade.

“Hoje em dia muitas ‘histórias’ condimentam os nossos dias, principalmente nas redes sociais, muitas vezes criadas habilmente com muitas filmagens, câmaras, variados cenários. Procuram-se cada vez mais as luzes da ribalta, sabiamente orientadas, para poder mostrar aos ‘amigos’ e seguidores uma imagem de si mesmo que às vezes não reflete a própria verdade.”

Cristo, meridiana luz, vem iluminar-nos devolvendo-nos a nossa autenticidade, libertando-nos de todas as máscaras. Mostra-nos claramente o que somos, porque nos ama tal como somos”, escreve.

Na sua mensagem para a Jornada Mundial da Juventude de 2021, que será celebrada a nível local por cada paróquia e diocese, Francisco elogiou ainda a paixão natural dos jovens, mas avisou que isso pode ser perigoso também.

“Quanta força e paixão vivem também nos vossos corações, queridos jovens! Mas, se a escuridão ao vosso redor e dentro de vós mesmos vos impedir de ver corretamente, correis o risco de perder-vos em batalhas sem sentido, e até de vos tornardes violentos. E, infelizmente, as primeiras vítimas sereis vós mesmos e aqueles que estão mais próximo de vós.”

“Há também o perigo de lutar por causas que, originalmente, defendem valores justos, mas, levadas ao extremo, tornam-se ideologias destrutivas. Quantos jovens hoje, talvez impelidos pelas suas próprias convicções políticas ou religiosas, acabam por se tornar instrumentos de violência e destruição na vida de muitos! Alguns, que já nasceram rodeados dos meios digitais, encontram o novo campo de batalha no ambiente virtual e nas redes sociais, recorrendo sem escrúpulos à arma de falsas notícias para espalhar venenos e demolir os seus adversários”, diz ainda o Papa.

Ninguém está demasiado longe

No centro desta reflexão apresentada por Francisco para assinalar a JMJ, que este ano calha no dia 21 de novembro, está a conversão de São Paulo. Conhecido pelo seu zelo na perseguição aos cristãos, o apóstolo passou a ser um seguidor de Jesus depois de este se lhe ter manifestado, quando ia a caminho de Damasco.

Esta é uma lição para os jovens cristãos de hoje, considera o Papa. “De ninguém se pode dizer: Está demasiado longe... É demasiado tarde... Quantos jovens sentem a paixão de se opor e ir contra corrente, mas trazem escondida no coração a necessidade de se comprometer, de amar com todas as suas forças, de se identificar com uma missão! No jovem Saulo, Jesus vê exatamente isto.”

Pelo contrário, muitos cristãos estão tão seguros de si e têm tantas certezas que não deixam espaço para Cristo agir. “Quem pensa que sabe tudo sobre si mesmo, os outros e até sobre as verdades religiosas, terá dificuldade em encontrar Cristo”, avisa Francisco.

O Papa começa a sua mensagem por recordar os tempos de pandemia e a forma como afetaram os jovens de todo o mundo, mas salienta também os muitos exemplos de heroísmo que estes deram durante os últimos dois anos.

“A emergência sanitária impediu também a vós jovens – por natureza projetados para o exterior – de sair para irdes à escola, à universidade, ao trabalho, para vos encontrardes… Vistes-vos em situações difíceis, que não estáveis acostumados a gerir. Aqueles que estavam menos preparados e desprovidos de apoio sentiram-se desorientados. Em muitos casos, surgiram problemas familiares, bem como desemprego, depressão, solidão e vícios; para não falar do stresse acumulado, das tensões e explosões de raiva, do aumento da violência.”

“Mas, graças a Deus, este não é o único lado da moeda. Se a provação pôs a descoberto as nossas fragilidades, fez emergir também as nossas virtudes, nomeadamente a predisposição à solidariedade. Em toda a parte, vimos tantas pessoas, incluindo muitos jovens, a lutar pela vida, semear esperança, defender a liberdade e a justiça, ser artífices de paz e construtores de pontes”, considera.

A Jornada Mundial da Juventude é um acontecimento anual da Igreja. Pontualmente o dia é festejado numa única diocese, para onde todos os jovens são convidados a viajar. Em 2023 essa diocese será Lisboa, o que leva o Papa a pedir a todos os jovens para continuarem a “peregrinar” com ele rumo a Lisboa 2023.

A mensagem do Papa para a JMJ de 21 de novembro está disponível na íntegra aqui.

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