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O aviso do Presidente

01 abr, 2022 - 06:30

Se A. Costa abandonar o cargo que agora ocupa antes do fim do mandato, haverá novas eleições. O Presidente Marcelo quer evitar que se repita o que aconteceu com a ida para Bruxelas do então primeiro-ministro Durão Barroso.

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Dias antes da tomada de posse do novo Governo, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa fez saber que já tinha escrito o seu discurso para essa cerimónia. As expectativas assim levantadas não foram desiludidas.

Teve grande eco a mensagem presidencial que alertou o primeiro-ministro para a sua responsabilidade de chefiar o novo governo até ao fim do mandato. Caso A. Costa venha a decidir aceitar um alto cargo na UE (por exemplo, Presidente do Conselho Europeu, lugar que deverá vagar em 2024), abandonando a chefia do Governo, então Marcelo dissolverá a Assembleia da República. Assim terminaria esta maioria absoluta e seriam convocadas eleições.
No discurso de posse que se seguiu ao do Presidente, A. Costa não deu qualquer esclarecimento sobre se pensa, ou não, vir a ocupar um cargo importante em Bruxelas. Há muito que se fala dessa hipótese. O facto de, pela primeira vez, a Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus sair do Ministério dos Negócios Estrangeiros, transferindo-se para a dependência direta do primeiro-ministro, foi encarada por muita gente como um indício da vontade de A. Costa de vir a ocupar um cargo na UE.
Marcelo Rebelo de Sousa acentuou a responsabilidade pessoal de António Costa na maioria absoluta conquistada nas urnas, lembrando que o próprio A. Costa personalizou o recente combate eleitoral. “Os portugueses deram a maioria absoluta a um partido, mas também a um homem, V. Exa.”, afirmou o Presidente voltando-se para o primeiro-ministro.
O Presidente Marcelo quer evitar que se repita o que aconteceu com a ida para Bruxelas do então primeiro-ministro Durão Barroso, que dispunha de uma maioria parlamentar PSD-CDS. Tendo decidido presidir à Comissão Europeia, no verão de 2004 Durão Barroso convenceu o então Presidente da República Jorge Sampaio a não convocar eleições. Sucedeu-lhe assim na chefia do Governo Santana Lopes, na altura membro destacado do PSD.
O PS discordou desta decisão, reclamando eleições; e o seu secretário-geral Ferro Rodrigues até se demitiu em protesto, apesar de ser amigo pessoal de J. Sampaio. Após quatro meses no cargo de primeiro-ministro, Santana Lopes foi demitido pelo Presidente Sampaio, que convocou eleições.
Agora Marcelo lembra que não seguiria o exemplo de J. Sampaio. Se A. Costa abandonar o cargo que agora ocupa antes do fim do mandato, haverá novas eleições. Fica o aviso presidencial.

Comentários
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  • Cidadao
    02 abr, 2022 Lisboa 15:18
    Mas em caso de novas eleições, e para não se repetir o passeio que foram estas últimas, para o PS, o PSD tem de estar reconstruido e ser uma verdadeira alternativa de Governo, e não uma confusão ideológica e com conversas sobre "Zés Albinos", em vez de dizer claramente ao que vem.

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