05 mai, 2022 - 17:27 • Ana Lisboa
"Poderá ser histórica para o processo de paz no mais jovem país do mundo" a visita do Papa ao Sudão do Sul marcada para decorrer entre 5 e 7 de julho. São declarações feitas à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) pela Irmã Beta Almendra, uma religiosa comboniana portuguesa que vive em Wau.
Em seu entender, "o Papa terá um papel muito, muito importante. O Papa e as Igrejas cristãs, todos os líderes cristãos que estão por aqui. Teremos todos um papel muito importante nesta história do Sudão do Sul".
A religiosa afirma que "muita desta gente aqui do Sudão do Sul viveu sempre em guerra. São gerações que cresceram e viveram conhecendo somente a guerra. E a última guerra foi muito má. Destruiu muita coisa, escolas, estruturas, hospitais, igrejas, destruiu vidas, muitas mulheres, crianças, e também procurou acabar com as pessoas que já tinham uma certa educação escolar, que podiam ser futuros líderes".
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A comboniana portuguesa reconhece que "as pessoas contam connosco. Se há algum conflito, perguntam logo: onde é que está a Igreja? Onde é que estão os líderes da igreja? Mas perguntam mesmo e contam connosco, com o nosso apoio, com a nossa ajuda, com a nossa oração, com tudo aquilo que pudermos fazer pela paz neste país. E o Papa é um entre nós".
Esta visita ao Sudão do Sul vai dar também relevo "às dificuldades da Igreja local, às necessidades mais básicas das populações, à ajuda que é preciso e urgente para tantos setores da sociedade", diz a missionária.
Segundo explica, "a Igreja no Sudão do Sul é realmente muito dependente da ajuda que vem de fora. Falo aqui da Diocese de Wau. Está tudo para construir: seminários, casas diocesanas, conventos, escolas, hospitais. É tudo uma questão de investimentos em estruturas que existiram, mas que foram destruídas. Realmente dependemos completamente dos benfeitores de fora".
A Irmã Beta Almendra, 52 anos, é natural da Ericeira. O Sudão do Sul é a sua segunda experiência missionária em África. Antes, durante seis anos, esteve no Quénia. Chegou a Wau no início de 2021, em plena pandemia da Covid-19.