05 mai, 2020 - 19:23 • Aura Miguel
A obra, “Ein Leben” (Uma Vida), escrita pelo jornalista alemão Peter Seewald, co-autor de vários livros-entrevista com Ratzinger, foi publicada segunda-feira na Alemanha.
Segundo alguns excertos divulgados na imprensa internacional, Bento XVI refere que, desde a resignação em 2013, a “minha amizade com Francisco cresceu, face à sua calorosa atenção para comigo”.
Ratzinger recorda que “a forma jurídico-espiritual” para a existência de um Papa emérito “impede qualquer hipótese da coexistência de dois Papas, pois uma sede episcopal só pode ter um titular”. E insiste: “não há dois Papas. Sou como um bispo na reforma, por razões de idade”.
Aos 93 anos, Ratzinger refere: “as suspeitas de que me intrometo regularmente nos debates públicos é uma distorção maldosa da realidade”.
Sobre os atuais desafios à vida da Igreja, Bento XVI afirma que "a verdadeira ameaça à Igreja e ao ministério de Pedro é a ditadura das ideologias relativistas com a aparência de humanistas”.
A sociedade moderna vive "no meio da formulação de um credo anticristão" e, se "alguém se opõe, é punido com excomunhão". Por exemplo, “há cem anos, seria absurdo falar de casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas hoje, quem se opõe é logo condenado pela sociedade”. E conclui: “o mesmo vale para o aborto e para a criação de seres humanos em laboratório”.
A extensa biografia aborda, entre outros temas, as resistências ao seu pontificado e as manobras relacionadas com o “Vatileaks”. Sobre a urgente purificação no seio da Igreja, Bento XVI esclarece: “Eu não queria simplesmente promover a purificação no pequeno mundo da Cúria, mas da Igreja como um todo”, pois “os eventos mostraram que a crise da fé também levou a uma crise da existência cristã".