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​Bento XVI faz hoje 93 anos, com música da Baviera e um presente especial

16 abr, 2020 - 14:03 • Aura Miguel

O Papa emérito celebra o seu aniversário de maneira discreta. Já recebeu vários telefonemas e mensagens de parabéns e uma nova biografia.

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Bento XVI comemora esta quinta-feira 93 anos de vida. Sem visitas devido à pandemia de Covid-19, mas com música e um presente especial, o Papa emérito celebra o seu aniversário de maneira discreta e já recebeu vários telefonemas e mensagens de parabéns, diz o monsenhor Georg Gaenswein. “Apesar da fragilidade física, não perdeu o brilho intelectual”, reconhece o padre Federico Lombardi.

Em declarações ao portal da Santa Sé “Vatican News”, o arcebispo Georg Gaenswein, secretário de Bento XVI, revelou que a missa desta quinta-feira de manhã, na capela do Mosteiro Mater Ecclesia, incluiu alguns cantos típicos da Baviera, particularmente apreciados pelo aniversariante.

Monsenhor Gaenswein, adiantou, ainda, que o Papa emérito recebeu um presente especial: a mais recente obra de Peter Seewald, “Bento XVI - uma vida”, uma volumosa biografia escrita pelo jornalista alemão, conhecido autor de vários livros-entrevista ao próprio Ratzinger. Esta biografia será publicada na Alemanha no próximo dia 4 de maio.

Também esta quinta-feira, o padre Federico Lombardi, antigo porta-voz de Bento XVI, numa entrevista ao “La Stampa”, fala da lucidez e liberdade de Ratzinger, ao resignar e sublinha a atualidade das suas reflexões sobre a Europa.

“Renúncia foi uma escolha de liberdade”

O atual presidente da Fundação Ratzinger-Bento XVI, explica que a decisão tomada pelo Papa alemão ao resignar “não foi um enfraquecimento das habilidades intelectuais”, mas partiu da "lucidez de ver as coisas de forma realista”, relacionada com um enfraquecimento gradual das suas forças físicas, “indispensáveis para tomar decisões. Foi uma consideração objetiva da perda das energias físicas necessárias para desempenhar um papel tão exigente e como o do Papa”.

Lombardi rejeita que tenha havido pressões externas sobre Bento XVI para abdicar, “pois ele sempre se mostrou plenamente consciente de uma vocação recebida de Deus e exercida para servir aos outros”. E adianta: “a renúncia do Papa, para ser válida, deve ser livre. A decisão de Joseph Ratzinger foi uma escolha de liberdade e responsabilidade da qual nunca se arrependeu”.

Sobre os efeitos da pandemia no futuro da União Europeia, Federico Lombardi recorda a atualidade do pensamento de Bento XVI, a partir de um discurso na República Checa, em 2009, em que o Papa falou da "Europa como um lar e não como uma organização de Estados ou um conjunto de interesses”. Uma perspetiva hoje mais do que nunca útil, diz Lombardi, "para construir nosso mundo como uma casa fundada em profundas raízes espirituais e não apenas em alicerces materiais”.

Interrogado sobre quem é realmente Joseph Ratzinger, o padre Lombardi define como “uma pessoa íntegra, absolutamente desprovida de motivações e interesses pessoais de cálculo, imagem, poder ou carreira”.

Um homem com “uma extraordinária síntese de pensamento e espiritualidade”, capaz de “apresentar o mistério cristão e a nossa fé como algo fascinante e que responde às perguntas mais profundas do homem”, pois o seu ensinamento “deriva de uma vida vivida com uma cultura muito profunda e com uma luz interior limpidamente espiritual”, sublinhou.

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