11 nov, 2023 - 23:42 • Susana Madureira Martins
António Costa fez a execução pública de Lacerda Machado, ao vivo e em horário nobre. É conhecida a facilidade com que o primeiro-ministro deixa cair os mais próximos - Eduardo Cabrita sabe bem disso. Hoje, foi a vez do agora ex-melhor amigo, Diogo Lacerda Machado. O primeiro-ministro deixou ainda cair, de novo, Vitor Escária, ex-chefe de gabinete, proferindo um pedido de desculpas em direto.
António Costa frisou que Lacerda Machado não estava mandatado para lidar em nome do Governo e do primeiro-ministro nos negócios em torno do data center de Sines, nem nunca falou com o consultor sobre esta questão. Judicialmente, a explicação vinda do primeiro-ministro é uma peça importante.
Os processos judiciais para o PS são traumáticos: basta falar da Casa Pia e de José Sócrates. A dada altura, Costa deixa uma mensagem sobretudo para o próprio partido quanto ao Ministério Público. A de que o próximo primeiro-ministro não se deve inibir de tomar decisões com medo da perseguição judicial. O primeiro-ministro dá a entender que os atores políticos por mais que estejam com a espada judicial em cima da cabeça nunca devem inibir-se de atuar. É o único recado que pode servir já para Pedro Nuno Santos.
António Costa de algum modo mostrou receio que os futuros grandes investimentos como o de Sines possam cair por terra na sequência de todo este caso. Há aqui também uma mensagem de confiança para os investidores estrangeiros que não deixem de apostar no país.
João Galamba terá, tudo indica, os dias contados no Governo. António Costa não quis falar disso na declaração e depois questionado pelos jornalistas. Espera pela reunião com o Presidente da República, mas os sinais que tem dado apontam para a saída do ministro das Infraestruturas do Governo. Costa na quinta-feira chamou-lhe mesmo "esse assunto".