A+ / A-

25 de Abril

PCP avisa que "democracia está sob ameaça" do fascismo e falta de concretização de direitos

25 abr, 2023 - 13:20 • Lusa

Deputado Manuel Loff alerta que a "democracia está sob a ameaça" do fascismo.

A+ / A-

O PCP alertou que a "democracia está sob a ameaça" do fascismo e da falta de concretização de direitos e considerou que o Governo não pode celebrar o 25 de Abril enquanto deixa "degradar as condições de vida".

Discursando na sessão solene comemorativa do 49.º aniversário do 25 de Abril, no parlamento, o deputado do PCP Manuel Loff considerou que, da Revolução dos Cravos, "saiu uma das mais arrojadas democracias do mundo".

"Praticamente meio século depois do 25 de Abril e das melhores esperanças que nele depositaram milhões de portugueses, milhões de democratas por todo o mundo que sentiram a nossa Revolução como sua, a democracia está sob ameaça", alertou Manuel Loff na sessão.

Na opinião do deputado do PCP, essa ameaça à democracia ocorre "em todos os lugares, a começar por Portugal", onde não se cumprem "as naturais justíssimas, expectativas de quem espera que a democracia seja sempre acompanhada de bem-estar e justiça social", do direito à saúde, educação, habitação, trabalho com direitos e garantias, uma infância feliz ou uma velhice com dignidade e qualidade de vida.

"Sempre que algum ou todos estes direitos se não concretizam nas nossas vidas, alimenta-se a descrença na democracia e esta estará sempre ameaça", sustentou.

Com os membros do Governo a ouvi-lo, Manuel Loff criticou diretamente o executivo, salientando que quem tem responsabilidades executivas não pode "comemorar o 25 de Abril, a Revolução e a democracia e ao mesmo tempo deixar degradar a condição de vida dos portugueses".

Quem tem responsabilidade executivas não pode comemorar o 25 de Abril "depois de se terem enterrado incontáveis recursos públicos no apoio aos grandes grupos económicos e financeiros ou a cativar dinheiro do Estado, de todos nós, para lograr as chamadas "contas certas", as mesmas que nunca estarão certas sem se assegurar condignamente o funcionamento dos serviços públicos de que se faz para todos nós a democracia no dia a dia", acrescentou.

No entanto, o deputado do PCP salientou que a ameaça à democracia se faz também "pelo fascismo", acrescentando que "é ilusório" julgar que "o assalto da extrema-direita fascista está a fazer ao poder deixa incólume a democracia".

"Importa, pois, que quando se celebra a democracia e a liberdade não se desvalorize o significado desta ameaça, trivialize a mentira, a manipulação, o racismo, o branqueamento dos crimes e da violência fascista e colonial do passado, o oportunismo descarado ao fingir defender-se hoje o que no passado sempre se rejeitou", frisou, recebendo aplausos da bancada do PCP e do BE.

Neste ponto, Manuel Loff aludiu à situação no Brasil, saudando os "democratas brasileiros", incluindo o atual Presidente, Luiz Inácio "Lula" da Silva, pela sua luta para "derrotar o que foi a maior ameaça, absolutamente real, contra a democracia brasileira desde o fim da ditadura civil-militar".

Dirigindo-se depois diretamente aos cidadãos portugueses e a quem constrói o seu futuro em Portugal, o deputado do PCP sublinhou que o 25 de Abril foi feito por "gerações de resistentes, e os comunistas em primeiro lugar", que deram "o melhor de si, e tantas vezes a própria vida", para conseguir "liberdade, direitos, uma sociedade justa".

"O 25 de Abril tem agora de continuar a ser feito por nós, por quem acredita nesses valores que permanecem, sabemo-lo hoje melhor do que nunca, a solução para os problemas estruturais do nosso país", vincou.

Manuel Loff salientou que, "as multidões que saem por estes dias à rua", fazem-no "com a força inesgotável dos valores de Abril" e recordando "que não há democracia sem justiça social".

"A Grândola de Zeca Afonso, a "terra da fraternidade" onde "o povo é quem mais ordena" tem de ser cada uma das nossas cidades e aldeias de um país verdadeiramente democrático", concluiu.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+