07 jul, 2021 - 16:21 • Lusa
Cerca de 60% dos portugueses concorda com o caráter voluntário do serviço militar e 40% defende o regresso à obrigatoriedade, percentagem que aumenta nas faixas acima dos 45 anos, indica um estudo do Instituto da Defesa Nacional.
O inquérito, apresentado esta quarta-feira, resulta de uma parceria entre o Instituto da Defesa Nacional (IDN), a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e o Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-Nova) e pretende perceber quais as opiniões da população portuguesa sobre a Defesa Nacional e das Forças Armadas.
O serviço militar deixou de ser obrigatório em Portugal em 2004 e a maioria dos inquiridos (59,7%) concorda com este modelo. No entanto, uma "franja relevante" de cerca de 40% mostra preferência por uma prestação militar obrigatória.
"Apesar da preferência pelo voluntariado ser maior em todos os grupos etários, é possível dar conta que à medida que aumenta a idade, aumenta também a percentagem de população favorável a um serviço militar de cariz obrigatório", salienta-se no estudo.
A decisão está relacionada com a manutenção do est(...)
Verificam-se variações significativas na análise por faixas etárias: a esmagadora maioria dos jovens entre os 18 e 24 anos é a favor do regime voluntário (74,1%) e entre os 25 e os 44 anos este número desce para os 65,1%.
É a partir dos 45 anos que a percentagem de inquiridos que preferia a obrigatoriedade do serviço militar supera a média (42,9%), sendo que acima dos 65 anos aproxima-se dos 50%.
Por sexo, são as mulheres que tendem a valorizar mais a natureza voluntária do serviço militar e, quanto aos níveis de escolaridade, "a percentagem de população favorável a um serviço militar voluntário aumenta nos níveis de escolaridade mais elevados, ultrapassando os 70% de entre quem tem o Ensino Superior".
Questionados sobre o Dia da Defesa Nacional (DDN), atividade cívica de caráter obrigatório que visa sensibilizar os jovens que atingem a maioridade sobre a temática da Defesa Nacional e o papel das Forças Armadas, a maioria mostra-se a favor (72%), principalmente os mais jovens, até aos 24 anos.
Quanto ao financiamento das Forças Armadas, 67% dos inquiridos considera "insuficientes" as verbas do Orçamento do Estado destinadas à Defesa, valor contrastante com os 6,4% que as classifica como "excessivas".
Quanto à dimensão das Forças Armadas, considerando o nível de efetivos militares (que atualmente ronda os 23 mil), 44,9% dos inquiridos considera este número "insuficiente", 42,2% acha-o "adequado" e apenas 12,9% considera-o "excessivo".
A reforma das Forças Armadas tem gerado algum mal-(...)
O estudo adianta ainda que "existe uma perceção bastante saliente de que o mundo será mais inseguro na próxima década", sendo que no caso de Portugal, os inquiridos destacam como ameaças mais prováveis "uma possível crise económica mundial" e o "surgimento de pandemias e epidemias".
Neste campo, a Organização do Tratado do Atlântico Norte e a União Europeia, às quais Portugal pertence, são bem vistas e consideradas importantes para a segurança do país por uma clara maioria: 72,9% classifica como "importante/muito importante" a participação na NATO e 83,1% o papel de liderança internacional da UE.
A maioria dos portugueses inquiridos num estudo do Instituto de Defesa Nacional deposita “muita ou total” confiança nas Forças Armadas mas apenas 24,4% participaria na defesa do país em qualquer circunstância” ou em caso de "ataque militar".
O inquérito resulta de uma parceria entre o Instituto da Defesa Nacional (IDN), a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e o Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-Nova) e pretende perceber quais as opiniões da população portuguesa acerca da Defesa Nacional e das Forças Armadas.
Os dados revelam que a população portuguesa deposita elevados níveis de confiança nas Forças Armadas: mais de 70% tem “muita ou total” confiança (73,4%), valor que contrasta com os 4,1% que não têm “nenhuma” ou “muito pouca”.
Quando questionados sobre a necessidade de existência das FA, a grande maioria considera-as “muito necessárias” (69,7%) e cerca de 29% disse acreditar que, apesar de as Forças Armadas não serem muito necessárias, "a sua existência é legítima".
Já ao nível da disponibilidade para participar na Defesa do país, quase 32% não estaria disposto a integrar uma reserva de voluntários para, em caso de necessidade, participarem na defesa de Portugal e 43,7% demonstrou disponibilidade “mas apenas para participar em missões de apoio à população”.
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Apenas 24,4% dos inquiridos estaria disponível para participar na defesa do país em qualquer circunstância, “incluindo na resposta a um ataque militar”.
“Em termos de variação sociodemográfica, os homens demonstraram uma disponibilidade menos condicionada ao motivo, ao passo que as mulheres estão mais disponíveis em caso de missões de apoio à população. Verificou-se também que com o aumento da idade se assiste a uma diminuição dessa disponibilidade”, aponta o estudo.
Questionados sobre se recomendariam a um amigo ou familiar o ingresso nas FA, quase 53% dos inquiridos recomendariam esse ingresso em quaisquer circunstâncias, percentagem que contrasta com os 21,8% que não recomendariam de todo. Já 25,4% recomendariam o ingresso, mas apenas se esse familiar ou amigo não tivesse outra alternativa profissional.
Mostrou-se também maioritária a ideia de que as missões militares devem abranger quer “uma dimensão militar/de combate, quer também uma vertente mais conotada com a proteção civil e de apoio às populações”, e que as Forças Armadas “são eficazes no cumprimento das missões” e a sua atuação “contribui para o prestígio internacional do país”.
Cerca de 57% dos inquiridos considerou ainda que as mulheres estão bem integradas nas Forças Armadas.
Para este estudo foram inquiridos 1509 cidadãos portugueses, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos, residentes em Portugal Continental e Regiões Autónomas.
A recolha de informação foi feita entre os dias 7 de janeiro e 24 de fevereiro de 2021, em período pandémico, o que pode ter tido impacto sobre os resultados "quer em virtude de uma maior perceção de ameaça à segurança, quer pela maior visibilidade pública das Forças Armadas devido ao papel de relevo que assumiram na estratégia de combate à pandemia".
Os resultados são esta quarta-feira apresentados no IDN, em Lisboa, pelos coordenadores científicos, Pedro Magalhães, investigador principal do ICS - Universidade de Lisboa, e Raquel Vaz-Pinto, investigadora integrada do IPRI-Nova, numa sessão que conta com a diretora do IDN, Helena Carreiras, na abertura e na moderação do debate, e com o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, no encerramento.