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Investigador defende eleição em dois dias para combater abstenção elevada em Portugal

08 out, 2019 - 22:47 • Henrique Cunha

João Cancela, investigador do IPRI - Instituto Português de Relações Internacionais, refere que os portugueses mais pobres "tendem a votar menos ou mesmo a não votar".

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Votar dois dias para combater a abstenção. A proposta é avançada por João Cancela, do IPRI - Instituto Português de Relações Internacionais, em declarações à Renascença.

João Cancela afirma que poderia ser importante fazer com que o período eleitoral ocupasse não só o domingo, mas também a segunda-feira”, pois os “dados de que dispomos indicam, que nos casos em que tal acontece a participação tende a ser superior”.

Ainda antes de serem conhecidos os números definitivos da abstenção das eleições de domingo, o investigador João Cancela sugere também que se possa adotar "a simulação de eleições em escolas - algo que se faz nos países escandinavos", onde "uma semana ou duas semanas antes das eleições nacionais se faz uma espécie de simulação das eleições em que os alunos são chamados a votar nos diferentes partidos".

De acordo com o investigador, isso "faz com que os partidos invistam mais na apresentação de medidas especificas para os jovens, faz com que os jovens sejam socializados para a politica na escola”, pois são “organizados debates com os representantes das juventudes partidárias e dos partidos também". Os estudos sobre este tipo de experiência "revelam que os jovens tendem a apresentar uma maior predisposição a votar no futuro e também a votar mais".

O investigador do IPRI não valoriza tanto a possibilidade do voto obrigatório. João Cancela diz que em Portugal "isso não se afigura muito provável porque há uma serie de preceitos jurídicos e de base constitucional que seriam contrários a essa disposição".

Por outro lado, recorda que essa tradição "já tem bastante tempo, ou vem desde uma fase mais recuada da democracia" e que são "raros ou inexistentes os casos de países que tenham adotado o voto obrigatório em décadas recentes".

A abstenção voltou a bater recordes nas eleições de domingo. Terá atingido os 45,5%. No total, e se compararmos com 2015 terão votado menos 288 mil eleitores.

João Cancela encontra explicações estruturais conjunturais para o aumento do fenómeno.

Entre os fatores de natureza mais estrutural, o investigador aponta para um estudo que será apresentado em breve sobre a abstenção no âmbito de uma iniciativa da Câmara de Cascais e que revela que, de alguns ciclos eleitorais para cá, "estamos a observar a uma extensão da abstenção até à faixa etária que vai dos 30 aos 44 anos"; juntando-se assim aos elevados números registados entre os mais jovens.

O mesmo estudo apresenta dados sobre a "abstenção socialmente assimétrica". Dados de 2015 "mostram que os portugueses com mais capacidade financeira tendem a exercer o seu direito de voto e os mais pobres tendem a votar menos ou mesmo a não votar".

Por outro lado, de acordo com João Cancela "há um número cada vez maior de portugueses que não se identificam com nenhum partido político".

O investigador compara dados e afirma que "nos anos 80, dois terços dos portugueses diziam identificar-se com algum partido político e agora essa proporção baixou de forma significativa". Na atualidade, de acordo com o professor do IPRI serão cerca de metade, ou seja, "em 2015 eram pouco mais de 40% os portugueses que se identificavam com partidos".

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