06 jun, 2023 - 11:46 • Henrique Cunha , Isabel Pacheco
O presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados (ANCC), José António Bourdain, considera “insuficiente” o anunciado reforço de verbas para abrir mais camas na rede de cuidados continuados.
Em comunicado, o Ministério da Saúde revelou que o financiamento das novas camas ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) aumenta 40%. Ou seja, o valor de financiamento por cama passa a ser de 42 mil euros; mais doze mil do que até agora.
Para o presidente da ANCC, o valor, apesar de “um pouco melhor”, fica aquém das necessidades.
“É insuficiente tendo em conta que, com este novo valor, o metro quadrado passa a ser a 740 euros, quando na realidade o custo é entre 1600 e 1700 euros”, explica José António Bourdain.
De acordo com a informação do Governo, a Portaria assinada pela Ministra da Presidência, pelo Ministro das Finanças e pelo Secretário de Estado da Saúde irá permitir a construção até 2025 de mais 5 mil e 500 novos lugares de internamento na Rede de Cuidados Continuados.
José António Bourdain garante que ninguém sabe se estamos perante um número suficiente de camas e pede que os Ministérios da Saúde e Segurança Social estudem o problema.
“Deveria haver uma boa articulação, que não há, entre a saúde e a segurança social. Fazer uma avaliação de quem precisa de lar de idosos, de centros de dia e cuidados continuados. Só depois desta avaliação é que saberíamos quantas camas iriamos precisar de cuidados continuados porque este número de 5500 pode ser curto ou demasiado”, defende.
“A resposta sincera é que não sabemos. Este é o mal português: não medimos as coisas e fazemos tudo em cima do joelho”, lamenta Bourdain, lembrando ainda que 37% dos utentes dos cuidados continuados são casos sociais.
“A própria rede de cuidados continuados está entupida”. Na realidade, admite, “não sabemos quantas camas o país precisa”.