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Bairro do 2.º Torrão. Almada conclui demolições, 51 famílias foram realojadas

07 out, 2022 - 15:42 • Lusa

Câmara de Almada diz que já assegurou alojamento em novas casas para 26 famílias, havendo 14 agregados familiares já com casa reservada, mas que aguardam pelas ligações de luz e água.

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Segundo Torrão. Viver num bairro de lata no século XXI
Reveja a reportagem da Renascença no bairro do Segundo Torrão, em março de 2019

A Câmara de Almada deu esta sexta-feira por concluído o processo de demolição de dezenas de construções clandestinas sobre uma vala no bairro do 2.º Torrão, na Trafaria, tendo assegurado o realojamento temporário de 51 famílias.

“Os trabalhos de demolição no bairro do 2º Torrão foram concluídos no calendário que estava previsto, de 01 a 06 de outubro, precisamente no início do ano hidrológico”, disse à agência Lusa a vereadora da Proteção Civil na Câmara de Almada, Francisca Parreira.

Segundo a autarca, o município teve conhecimento de que as construções sobre a vala do 2.º Torrão “ofereciam perigo para a vida das pessoas” através de um relatório da Proteção Civil, tendo iniciado de “imediato um processo que conduziu à demolição das construções em risco e ao acompanhamento e encaminhamento das famílias”.

Ainda de acordo com Francisca Parreira, a Câmara de Almada já assegurou alojamento em novas casas para 26 famílias, havendo 14 agregados familiares já com casa reservada, mas que aguardam pelas ligações de luz e água.

Outros nove agregados recusaram a casa ou outras soluções de alojamento temporário propostas pelo município, existindo ainda duas famílias para as quais o município ainda não encontrou casas disponíveis no mercado.

Todas as famílias que ainda não têm casa atribuída estão alojadas temporariamente em unidades hoteleiras de Almada e de Lisboa, segundo a autarquia.

Contudo, apesar de a Câmara de Almada ter dado por concluída a operação de demolição das construções sobre a linha de água que atravessa o bairro do 2.º Torrão, algumas construções não foram demolidas porque os moradores interpuseram providências cautelares.

Segundo Francisca Parreira, até hoje a Câmara de Almada já foi notificada para responder a, pelo menos, seis providências cautelares, sendo que algumas famílias, que recusaram as soluções alternativas propostas pelo município, decidiram permanecer no interior das construções em situação de risco.

O bairro do .2º Torrão, em Almada, já existe há mais de 40 anos e tem atualmente centenas de construções clandestinas, mas a operação de demolição, que decorreu de 01 a 06 de outubro, foi apenas para prevenir situações de risco de derrocada das construções sobre uma linha de água que atravessa o bairro.

A Câmara de Almada identificou 60 agregados familiares nas construções sobre a vala, mas concluiu que nove famílias tinham uma segunda habitação na Área Metropolitana de Lisboa, pelo que não têm direito ao acompanhamento e à procura de nova habitação por parte do município.

A autarquia tem a decorrer o processo para a construção de 95 novos fogos, com projeto de arquitetura já aprovado, para acolher, a título definitivo, os moradores do 2.º Torrão que agora foram obrigados a abandonar as casas por razões de segurança.

De acordo com as estimativas do município, os encargos com o alojamento temporário das famílias, que deverá prolongar-se por um período de cerca de dois anos, até que as novas casas sejam construídas, poderão ser "de um a 1,5 milhões de euros", montante que será suportado pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) e pela Câmara Municipal de Almada.

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  • Rui Santos
    11 out, 2022 Cascais 10:13
    Grande reportagem,que obviamente põe a nu uma realidade que todos nós gostaríamos de ver resolvida para que possamos viver numa sociedade mais justa e com valores. Mas, e este é o motivo destas minhas palavras a história do segundo torrão está mal contada. Tenho registo que o meu avô construí-o uma barraca de madeira (com a denominação atribuída pelo Porto de Lisboa para apetrechos de pesca)em 1926,casa esta que se mantém até hoje e que a minha mãe com 88 anos paga religiosamente ao Porto de Lisboa a taxa de ocupação do espaço. Existe na verdade um segundo torrão diferente e que indevidamente é generalizado pela comunicação social como tendo começado em 1970,mas não corresponde minimamente á verdade já que o flagelo da habitação ilegal neste bairro com a invasão de africanos processou-se já depois de Abril de 1974. Em suma é bom que se saiba e é jornalisticamente correto dizer-se que existe casas no segundo torrão que estão autorizadas pelo Porto de Lisboa e que esta entidade recebe uma taxa pela utilização do terreno. Muito obrigado.

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