24 mai, 2022 - 08:20 • José Carlos Silva , Marta Grosso
O aumento da mortalidade por Covid-19 em Portugal tem de ser investigado, defende o especialista Miguel Castanho. Depois de Portugal se ter tornado líder mundial neste parâmetro, o investigador não vê qualquer explicação para o fenómeno, pelo que considera ser necessário perceber quem são as vítimas.
“É investigar o perfil dessas pessoas, que acabaram por morrer mesmo num período em que a incidência estava a descer”, diz à Renascença. “O que é que explica que aquelas pessoas tenham morrido numa fase em que a pandemia estava a melhorar? Que características especiais tem aquele subgrupo que leva a que a mortalidade seja elevada?”, questiona.
Pandemia
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Na opinião de Miguel Castanho, do Instituto de Medicina Molecular, as vacinas administradas já estão desatualizadas, mas admite que, se não tivesse havido vacinação contra o SRAS-Cov-2, os números – já de si negros – seriam ainda piores.
“Convém não esquecer que as vacinas foram desenvolvidas para a primeira variante a aparecer na Europa – depois disso já veio a variante do Reino Unido, já tivemos a variante Delta, agora temos a Ómicron com as suas subvariantes e, portanto, há alguma perda natural da imunidade, porque a vacina foi concebida para a variante original”, explica.
“Mesmo assim, mantém uma proteção válida e, se não fosse a vacinação, todo o mundo estaria em muito pior situação, incluindo Portugal”, destaca.
Segunda dose de reforço tem andado "a bom ritmo" n(...)
O investigador não esconde, contudo, a sua posição relativa à administração de uma quarta dose (ou segunda dose de reforço).
“A quarta dose, a ser feita, é uma quarta dose da vacina que foi desenvolvida para a primeira variante dominante na Europa. É um reforço de vacinação, mas para uma vacina relativamente desatualizada”, sustenta.
Até agora, as autoridades de saúde nacionais e europeias só recomendam o segundo reforço da vacina a maiores de 80 anos, devido ao risco acrescido de doença grave.
Em Portugal, a chamada quarta dose já começou a ser administrada à população alvo, mas a ministra da Saúde já admitiu que está a ser equacionada a extensão para as pessoas entre os 60 e os 80 anos.