07 jul, 2021 - 11:12 • Marta Grosso com redação, Lusa
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A ministra da Saúde fala em “números impressionantes” e garante que o Serviço Nacional de Saúde está a recuperar a atividade assistencial que tinha antes da pandemia de Covid-19, graças ao enorme esforço dos profissionais de saúde.
“Até maio de 2021, foram realizadas mais três milhões de consultas do que em idêntico período de 2020. E não se diga que estamos a comparar dois períodos que são muito distintos nas suas características – de facto, estamos – porque também relativamente ao idêntico período de 2019, o SNS, em termos de consultas médicas de cuidados de saúde primários, regista um acréscimo de 1,6 milhões de consultas”, referiu Marta Temido nesta quarta-feira no Parlamento, onde está a ser ouvida.
“Este esforço é composto, naturalmente, por consultas médicas presenciais e não presenciais”, acrescentou.
Perante os deputados, a ministra da Saúde indicou ainda os números das consultas de enfermagem, setor “onde foram feitas mais quatro milhões do que em período homólogo, e mais três milhões e 100 mil do que em 2019”.
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Já no que se refere à atividade hospitalar, os números ainda estão longe do que acontecia antes da pandemia.
“Em relação à atividade hospitalar, este percurso de recuperação é também um resultado que se revela em mais de 7% de consultas médicas hospitalares feitas nos primeiros cinco meses deste ano face ao período homólogo, 785 mil consultas, e face ao período homólogo de 2019 uma redução de 2%”, afirmou.
“Relativamente à área das cirurgias, a mesma coisa: um acréscimo nos cinco primeiros meses deste ano, de 86 mil cirurgias face ao período homólogo de 2020 e uma redução de nove mil cirurgias face ao período homólogo de 2019”, adiantou.
No serviço de Urgência, Marta Temido ressalva a necessidade de levar em consideração o “comportamento distinto” de Portugal face a “outros países com os quais se compara e avança que existiu “uma redução de 11% relativamente a maio de 2020 e uma redução mais significativa face a maio de 2019”.
A ministra da Saúde está a ser ouvida no Parlamento no dia em que o Movimento "Saúde em Dia" lança uma petição a defender a necessidade de um plano de recuperação para os doentes não-Covid.
A petição é subscrita pela Ordem dos Médicos e pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, segundo os quais pouco foi feito até ao momento a favor dos doentes que ficaram para trás por causa da pandemia.
Alexandre Lourenço, da Associação de Administradores Hospitalares, receia mesmo que o crescimento de casos e a vacinação possam prejudicar de novo estes doentes.
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Mais de 230 médicos do Serviço Nacional de Saúde aposentaram-se este ano até maio, dos quais 131 eram especialistas em medicina geral e familiar, revelou a ministra da Saúde.
Segundo Marta Temido, em 2019 aposentaram-se 409 médicos e no ano passado foram 653. Até maio deste ano, 231.
"É uma circunstância que é fruto do que são os direitos do trabalhadores, pelo decurso do seu exercício profissional", disse a ministra, sublinhando que o Governo tem trabalhado para inverter a situação, tentando abrir mais vagas e "garantindo que não há nenhum médico que queira ser contratado que fique por contratar".
A este propósito, disse ainda que, aproveitando o mecanismo que permite a contratação de médicos aposentados, estão hoje a trabalhar com o Serviço Nacional de Saúde mais 346 médicos aposentados.
Sobre os dados dos utentes sem médicos de família, a ministra sublinhou a duração do ciclo de formação destes profissionais de saúde e sublinhou: "a demografia médica reflete a demografia da sociedade em geral".
"Não é surpresa nenhuma este volume de aposentações, pois sabia-se que ia confluir para os anos que estamos a viver", afirmou.
Para contrariar a saída de médicos, a ministra apontou a aposta na abertura de mais vagas especializadas e para medicina geral e familiar: "É uma opção política, não é por acaso".
"Apesar de sabermos que não vamos, com muita probabilidade, reter todos os médicos [para as vagas do concurso que o Governo autorizou abrir no início do mês], como a taxa retenção nesta área é de 86%, se aplicarmos taxa semelhante aos 459 postos de trabalho abertos, iremos ficar com 395 médicos [medicina geral e familiar]", afirmou.
E acrescentou: "Se atribuirmos uma lista media de utentes de 1.650 a cada um, iríamos recuperar [e conseguir ter mais] 650 mil portugueses com médicos de família".
A este propósito, a ministra sublinhou que nos primeiros cinco meses do ano houve mais 75.000 inscritos no Serviço Nacional de Saúde.
Segundo revelou, o custo com encargos com pessoal nos primeiros cinco meses do ano cresceu 190 milhões de euros, dos quais 60 milhões representam encargos com remunerações.