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Escola Nacional de Saúde Pública

Covid-19. Mortalidade prematura custou mais de 25 mil anos de vida em Portugal

26 fev, 2021 - 21:25 • Lusa

Os números indicam que Portugal teve a taxa de anos de vida perdidos mais alta em 2020, seguido de Alemanha, França e Reino Unido. No entanto, Reino Unido, Espanha e Itália apresentam as mais altas taxas de anos de vida perdidos por 10 mil habitantes, exclusivamente por causa da Covid-19.

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A mortalidade prematura causada pela Covid-19 em Portugal em 2020 levou à perda de mais de 25 mil anos de vida dos portugueses, avança um estudo divulgado esta sexta-feira pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP).

O grupo de investigação responsável pelo Barómetro Covid-19 analisou a mortalidade e os anos de vida perdidos em oito países europeus – Portugal, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Suécia e Reino Unido -, tanto por força da Covid-19 como devido a outras doenças.

Os dados indicaram que Portugal registou a taxa de anos de vida perdidos mais alta em 2020, seguido de Alemanha, França e Reino Unido, embora Reino Unido, Espanha e Itália tenham as mais altas taxas de anos de vida perdidos por 10 mil habitantes devido à Covid-19.

“Dada a idade no momento da morte, estas mortes representaram 25.394 anos de vida perdidos devido à covid-19 em apenas 10 meses”, refere o estudo realizado pelos investigadores André Vieira, Vasco Ricoca Peixoto, Pedro Aguiar, Paulo Sousa, Carla Nunes e Alexandre Abrantes, que acrescenta: “Durante esse período, o número total de anos de vida perdidos devido a morte prematura atribuível a causas totalmente naturais foi de 611.104 anos. Destes, 4,2% foram registados como sendo devido à Covid-19”.

Com recurso às taxas de mortalidade verificadas entre 2017 e 2019, o grupo de investigação estimou que, sem a existência da pandemia, Portugal teria 575.594 anos de vida perdidos no somatório de todas as causas. Contudo, foi calculado um excesso de 35.510 anos de vidas perdidas (+6,2%), dos quais 72% terão sido devido à Covid-19 e 28% devido a outras causas naturais não Covid, sendo que cerca de dois terços dos anos de vida perdidos ocorreram em todos os países analisados nos óbitos acima dos 60 anos.

Paralelamente, o estudo observa que Portugal é o país entre aqueles considerados neste estudo que registou uma maior proporção (40%) entre o excesso de anos de vida perdidos devido a causas não Covid e os anos de vida perdidos por força da covid-19, ou seja, por cada ano de vida perdido por causa da Covid-19, houve 0,4 anos de vida perdidos devido a outras causas. A seguir a Portugal neste ‘ranking’ surgem Espanha (33%) e Países Baixos (26%).

Sublinhando a heterogeneidade de comportamentos dos diferentes países, bem como algumas distinções nos registos dos números pelas respetivas autoridades, o grupo de investigação salientou que o total de anos de vida perdidos por todas as causas foi maior em 2020 do que entre 2017 e 2019 em todos os países considerados no estudo, exceto na Alemanha, onde o desempenho foi praticamente igual.

“Estimamos que Itália, Reino Unido e Espanha tinham a maior quantidade de anos de vida perdidos diretamente pela Covid-19 e que Espanha, Portugal e Países Baixos eram os países com maior excesso de anos de vida perdidos ‘per capita’ por causas não Covid”, pode ler-se no documento, que analisou somente o período entre 2 de março e 27 de dezembro de 2020.

Quanto à mortalidade por outras causas, o estudo centrou essencialmente as suas atenções nos óbitos por doença oncológica e por doenças cardiovasculares, concluindo que Portugal apresenta uma proporção mais elevada de anos de vida perdidos por causa do cancro do que na média dos 28 países da União Europeia (antes do ‘Brexit’), mas uma proporção inferior à média europeia quando se analisou os anos de vida perdidos por doenças cardiovasculares.

Nesse sentido, os investigadores defendem que “a capacidade do sistema de saúde de cada país para gerir a Covid-19 e os doentes não Covid pode explicar em parte a diferença de anos de vida perdidos pela covid-19 e outras causas naturais” e relevam ainda o impacto da “alteração na disponibilidade e utilização dos serviços de saúde” devido à pandemia.

Por fim, o estudo analisou também os anos de vida perdidos na ótica de género, frisando que os homens foram mais afetados do que as mulheres em todos os países. No entanto, houve assimetrias entre as oito nações, com Portugal a evidenciar um maior equilíbrio nos anos de vida perdidos por género, ao passo que Itália registou a maior disparidade, com os homens a representarem quase dois terços do número de anos de vida perdidos naquele país.

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