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Entrevista Renascença

Mortalidade em março. Costa admite mortes de casos não diagnosticados com Covid-19

03 abr, 2020 - 10:14 • Eunice Lourenço (entrevista), Eduardo Soares da Silva (texto)

Portugal registou aproximadamente 600 mortes acima do expectável em março, uma tendência que não se verificava há mais de uma década.

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Aumento da mortalidade em março. Costa admite mortes de casos não diagnosticados com Covid-19
Aumento da mortalidade em março. Costa admite mortes de casos não diagnosticados com Covid-19

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António Costa admite uma subnotificação da infeção por Covid-19 nos óbitos registados no mês de março. Em entrevista à Renascença esta sexta-feira, e confrontado com o aumento da mortalidade no mês de março, o primeiro-ministro reconhece a possibilidade de se terem registado óbitos de pessoas por outros motivos, mas que poderiam estar também infetadas com o novo coronavírus.

"Sabe-se que a Covid-19 não ataca da mesma forma todas as pessoas e é isso que o torna muito perigoso, porque podemos estar contaminados sem sentir qualquer sintoma. Se é possível que existam pessoas que possam ter falecido por outras causas e estivessem infetadas? Sim, é possível. Temos o exemplo da criança que faleceu por outra doença e tinha Covid-19, mas não foi por causa da Covid-19", explica, em referência à criança de 14 anos que morreu em Ovar devido a meningite.

Até ao dia 27 de março, Portugal registou cerca de 600 mortes acima do expectável, uma tendência de aumento que não se verificava há mais de uma década. Destas, 100 estão associadas à Covid-19.

O primeiro-ministro reconhece que os testes serológicos poderão ser importantes, a longo-prazo, para se ter uma real noção de quantos casos de infetados o país registou.

"Sabemos que a China agora fez testes sanguíneos e muitas pessoas estavam imunizadas porque tinham tido Covid-19, sem terem sentido sintomas. Nós também o poderemos fazer, os testes serológicos estarão prontos, mas só faz sentido fazer depois de passar a pandemia", termina.

Veja a entrevista completa a António Costa na Renascença
Veja a entrevista completa a António Costa na Renascença

Os investigadores alertam que este fenómeno do aumento de mortalidade se repete noutros países, como Itália e Espanha. E atribuem aumento de mortalidade a quatro situações distintas: óbitos por Covid-19 não diagnosticados; óbitos que, tendo sido evitados em fevereiro, vieram a verificar-se em março; óbitos imprevisíveis que já iriam acontecer independentemente das atuais circunstâncias e óbitos por outras condições que acabam por não ser evitados por falta de assistência médica.

Na semana passada, a Renascença já tinha noticiado uma queda a pique dos episódios de urgência no Serviço Nacional de Saúde (SNS), associada ao receio de contágio. Leia mais sobre o tema aqui.

À data, Portugal regista 9.886 casos confirmados de Covid-19, 68 recuperados e 246 óbitos.

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  • Andre Lima
    04 abr, 2020 Porto 17:04
    Agora o próprio governo vai em sentido contrário ao da ciência, partindo para o lado da fé, talvez, tentando justificar suas medidas insensatas que despejaram as pessoas de seus empregos através de doentes que foram a óbito por motivos diversos que não o "vírus" do qual todos estão a falar. É o retorno da Idade Média em 2020.
  • VITOR GOMES
    03 abr, 2020 PORTO 17:25
    Mais uma bancarrota, Sr. António Costa! Que vergonha!

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