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Quem são e do que são acusados os 12 arguidos de Pedrógão Grande

27 set, 2018 - 17:26

Autarcas, responsáveis da Proteção Civil e da EDP acusados de homicídios por negligência.

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Responsáveis da proteção civil local e distrital e ainda dois quadros da EDP são acusados de 63 crimes de homicídio por negligência e 44 crimes de ofensa à integridade física por negligência na sequência do incêndio de Pedrógão Grande. Também há três autarcas arguidos.

O Ministério Público (MP) do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Leiria deduziu acusação contra 12 arguidos no âmbito do inquérito aos incêndios de junho de 2017 em Pedrógão Grande.

Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, o despacho assinado pela magistrada Ana Simões acusa o então Comandante Distrital de Operações de Socorro de Leiria, Sérgio Gomes, o segundo comandante distrital, Mário Cerol, e o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, de 63 crimes de homicídio por negligência e 44 crimes de ofensas à integridade física (14 dos quais graves).

Aos três membros da Proteção Civil são imputadas várias falhas na coordenação da resposta ao combate e nos procedimentos adotados, bem como na demora na mobilização de meios para o local.

Falta de manutenção e limpeza originaram incêndio

Também o subdiretor da área comercial da EDP José Geria e o subdiretor da área de manutenção do Centro da EDP Casimiro Pedro são acusados dos mesmos crimes e são apresentados como responsáveis da empresa pela manutenção e gestão da linha de média tensão onde terão ocorrido descargas elétricas que originaram os dois incêndios: Escalos Fundeiros, às 14H38, e Regadas, às 16H00 (que mais tarde acabaram por se juntar).

Para o Ministério Público, estes dois arguidos tinham a responsabilidade de proceder ao corte das árvores e vegetação existentes por baixo da linha de média tensão, que teria evitado a origem do incêndio e consequentes mortes e feridos.

Na acusação, os três arguidos com cargos e funções na Ascendi Pinhal Interior (José Revés, António Berardinelli e Rogério Mota) são todos acusados de 34 crimes de homicídio por negligência e sete crimes de ofensa à integridade física por negligência (cinco dos quais graves).

Segundo a magistrada Ana Simões, estes arguidos deveriam ter garantido a limpeza da vegetação e árvores existentes nos terrenos que ladeavam a estrada nacional 236-1, onde morreu uma grande parte das vítimas.

Três autarcas acusados

Já o na altura presidente da Câmara de Castanheira de Pera, Fernando Lopes, é acusado de dez crimes de homicídio por negligência e um crime de ofensa à integridade física por negligência, e ao presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, é-lhe imputado dois crimes de homicídio por negligência e um crime de ofensa à integridade física por negligência.

Jorge Abreu confirma que é um dos 12 acusados no âmbito do inquérito aos incêndios de junho do ano passado. O autarca de Figueiró dos Vinhos disse à RTP que ainda não leu o despacho de acusação, pelo que não se pronuncia sobre os crimes de que é acusado.

O Ministério Público considera que Fernando Lopes era o responsável pela gestão e manutenção da estrada nacional 512 e do caminho municipal 1157. Já Jorge Abreu responde pelas falhas na limpeza da estrada municipal 521.

Em Pedrógão Grande, o Ministério Público, ao contrário do que fez nos outros dois concelhos, acusando os presidentes das autarquias, considerou que os responsáveis pela limpeza das estradas e caminhos municipais eram o na altura vice-presidente da Câmara de Pedrógão Grande, José Graça, e a engenheira florestal da autarquia, Margarida Gonçalves, que respondem por sete crimes de homicídio por negligência e quatro crimes de ofensa à integridade física por negligência, três dos quais graves.

Comentários
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  • Americo
    28 set, 2018 Leiria 10:24
    Mário Cerol um dos acusados das mortes da EN 236: ""Apesar de já estar munido com a previsão meteorológica específica para o local, que contemplava a alteração do sentido do vento e o aumento da sua intensidade, permitindo perceber que o incêndio se desenvolvia agora para Oeste, em direção à EN236-1 e a Figueiró dos Vinhos, o arguido Mário Cerol não efetuou um Plano Estratégico de Ação atualizado", "arruinando", diz a acusação, as hipóteses de salvar várias vítimas" Boy do PS nomeado de "véspera", profissão advogado. Isto é tão triste.
  • Gomes
    28 set, 2018 Lagos 08:40
    Tantos crimes e tantos acusados para no final serem todos absolvidos ou então, como está na moda, serem condenados com dois ou três anos de pena suspensa! MISÉRIA!
  • António dos Santos
    27 set, 2018 18:39
    E a direcção nacional da protecção civil, saem impunes? Se é assim, acabem com ele, pois não passam de uma cambada de chulos?

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