23 jul, 2018 - 19:47
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Os fogos que lavram na Grécia, alguns perto da capital, Atenas, provocaram, mais de 60 mortos e fizeram mais de 170 feridos, alguns em estado crítico, segundo o mais recente balanço das autoridades.
A actualização do número de mortos foi feita pelo presidente da câmara de Rafina, Evangelos Bournous. "Já ultrapassou as 60 vítimas e continurá a aumentar", disse o autarca à imprensa grega.
Desde o início desta terça-feira que o número não para de crescer. O maior aumento aconteceu quando a Cruz Vermelha anunciou ter encontrado 26 corpos num "resort", na cidade de Mati. Antes disso, a guarda costeira grega tinha recuperado quatro corpos no mar, a uma curta distância dos incêndios.
Dos 156 feridos até agora identificados, 11 estão em estado crítico. Teme-se que o número de mortes venha a aumentar, já que as autoridades continuam a receber chamadas a alertar para o desaparecimento de pessoas.
Entre os feridos estão pelo menos 16 crianças. Acredita-se que uma das vítimas mais jovens era um bebê de seis meses, que morreu de inalação de fumo.
"Temos uma catástrofe na parte oriental de Atenas. Uma cidade chamada Mati, simplesmente, desapareceu do mapa. Já não existe", conta Nikolau Hidiriglou, jornalista grego, em declarações à Renascença.
Na manhã desta terça-feira, algumas partes de Mati ainda ardiam. O quadro trágico mostra carros incendiados, estacionados perto de condomínios fechados totalmente destruídos.
“Tivemos um problema muito grave num restaurante que estava cheio e ficou cercado pelas chamas. As pessoas saltaram para a água para se salvar. Estas pessoas só saíram de lá com a ajuda da Marinha e da guarda costeira”, acrescenta o jornalista grego.
Os incêndios devastaram casas, destruíram viaturas e obrigaram a diversas evacuações, com as autoridades a declararem o estado de emergência e a pedirem ajuda europeia.
Um dos incêndios, a cerca de 50 quilómetros de Atenas, obrigou à evacuação de três localidades, reduzindo a cinzas dezenas de casas e causando o encerramento ao tráfego durante dezassete quilómetros da autoestrada de Olímpia, que liga a capital a Peloponeso.
Cercadas pelas chamas, foram centenas as pessoas que fugiram para a praia. No total, a guarda costeira e outras embarcações resgataram 696 presas na praia.
Autoridades resgataram 19 pessoas que tentaram escapar de barco às chamas. De acordo com a BBC, um grupo de dez turistas que fugiu das chamas de barco está desaparecido.
Centenas de bombeiros continuam a tentar controlar os grandes incêndios que assolam a Grécia desde o início da tarde de segunda-feira, mas os trabalhos estão a ser dificultados por ventos fortes.
“Está muito mau por causa do vento, com temperaturas muito altas. Temos mais de 200 casas queimadas. O Estado não está capaz de controlar isto, até agora. A parte oriental de Ática está numa situação de emergência. Fica ao lado de Atenas, a zona principal da Grécia em termos de população.”
O jornalista diz que o Governo não estava preparado para enfrentar uma situação assim. “É óbvio que precisamos de mais aviões, mas, com esta crise económica, o Estado... Muita gente ficou isolada, pessoas que tentaram salvar as casas”, conta Nikolau Hidiriglou.
O jornalista lamenta que o país não tenha aprendido ainda a preparar-se, até porque ainda o ano passado enfrentou incêndios violentos e em 2007 chegaram mesmo a morrer pessoas.
Apesar da visibilidade estar comprometida, com o fumo e a cinza, o combate às chamas tem sido apoiado por meios aéreos, além de veículos e várias corporações. "Os bombeiros estão há mais de 20 horas no local. Temos uma nova classe de heróis na Grécia. Se podemos falar de heróis da época moderna são os bombeiros", acrescenta ainda Hidiriglou.
Grécia pede ajuda à Europa
O Governo da Grécia lançou um pedido de ajuda à União Europeia por causa dos grandes incêndios florestais que já provocaram vítimas e destruíram cerca de 200 habitações.
Chipre e Espanha já ofereceram assistência. Portugal também já anunciou que enviará 50 elementos da força especial de bombeiros para ajudar no combate às chamas.
Os incêndios obrigaram também ao corte de uma das rodovias mais movimentadas do país, interromperam ligações ferroviárias e estão a encher o céu da capital de fumo.
"Faremos tudo o que for humanamente possível para controlá-lo", disse o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, durante uma visita oficial à Bósnia. "Estou preocupado com os surtos simultâneos de leste e oeste de Ática", disse o chefe do Governo.
"É uma noite difícil para a Grécia", acrescentou. O primeiro-ministro interrompeu a visita à Bósnia para regressar ao país.
Já o ministro da Administração Interna (Ordem Pública), Nikos Toskas, pediu cautela aos cidadãos e sugeriu que os incêndios podem ter sido provocados.
Não há portugueses entre as vítimas
Não há noticia de portugueses entre as vitimas destes incêndios na Grécia nem de pedidos de ajuda por parte de turistas nacionais.
A informação foi confirmada à Renascença tanto pela embaixada em Atenas como pela secretaria de Estado das Comunidades.
[notícia atualizada às 10h49 - número de mortos sobe de 50 para mais de 60]