01 nov, 2023 - 00:32 • Diogo Camilo
Dezenas de milhares de migrantes sem documentos começaram a deixar o Paquistão esta terça-feira, a grande parte deles afegãos, com o aproximar do prazo de 1 de novembro para a sua expulsão.
A partir desta quarta-feira, os estimados 1,7 milhões de afegãos ilegais no país correm o risco de serem presos, colocados em centros de detenção e deportados para o Afeganistão, onde governa o regime talibã.
A ordem de expulsão surgiu após ameaças de bomba que o governo paquistanês acusou os imigrantes afegãos de serem responsáveis.
E, se em setembro, uma média de 300 pessoas atravessavam a fronteira do Afeganistão por dia, depois de Islamabad ter anunciado a data limite, as passagens ultrapassaram as 4.000 por dia.
Entre 22 de outubro e 23 de setembro, o governo talibã no Afeganistão registou o regresso de cerca de 60 mil afegãos, mas os números subiram nos últimos dias, segundo a Reuters.
No total, mais de 200.000 migrantes afegãos já regressaram ao Afeganistão desde que este plano foi anunciado pelo Paquistão, segundo as agências ligadas à ONU.
Durante as últimas semanas, desde o anúncio a 3 de outubro, que a televisão estatal do Paquistão tem vindo a exibir uma contagem de tempo para 1 de novembro no canto do ecrã, tendo sido abertos mais três postos de fronteira desde então.
Embora o Governo paquistanês garanta que não tem como alvo os afegãos, esta é a nacionalidade que constitui a maioria dos migrantes naquele país e a campanha surge num contexto de relações tensas entre o Paquistão e os governantes talibãs vizinhos.
Islamabad acusa Cabul de fechar os olhos a militantes aliados dos talibãs, a quem dá abrigo no Afeganistão e a quem permite passagem livre de e para o Paquistão para realizar ataques, cenário que os talibãs negam.
Muitos destes migrantes têm medo de regressar ao Afeganistão, onde o Governo talibã impôs uma interpretação rigorosa do Islão, proibindo, por exemplo, o acesso de raparigas às escolas depois do ensino primário ou a obrigação de as mulheres saírem à rua completamente cobertas.