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Nancy Pelosi promete que EUA "não vão abandonar" o Taiwan

03 ago, 2022 - 19:05 • Pedro Mesquita , José Pedro Frazão

Especialistas acreditam que verdadeiro objetivo da visita que durou menos de 24 horas está relacionado com a possibilidade de perder as eleições no Congresso norte-americano em novembro.

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Visita de Pelosi a Taiwan soa os alarmes na China
Visita de Pelosi a Taiwan soa os alarmes na China

A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, já deixou Taiwan, numa visita que durou menos de 24 horas e levou à indignação política em Pequim, que reclama o território como parte da China.

Desde então, o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou sanções comerciais a Taiwan e exercícios militares na região, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, a dizer mesmo que “aqueles que ofendem a China devem ser punidos”.

À Renascença, o especialista em política chinesa da Universidade de Aveiro, Jorge Tavares da Silva aponta que a reação militar por parte da China já era esperada e que “acontece sempre que em Taiwan há uma orientação política ou algum acontecimento que vai contra os interesses de Pequim”, com é o caso da ascensão do Partido Democrático Progressista, com mais tendências independentistas.

Com esta visita, entende Tavares da Silva, os EUA pretendiam avisar a China de “que não pode resolver as questões na Ásia com uma solução militar”, acrescentando que “não é claro” que venha a existir um confronto ou ações militares no imediato, até pelas palavras de Joe Biden a Xi Jinping - que defendeu o princípio de “uma só China”.

O especialista considera que uma confrontação militar de Pequim com os Estados Unidos, considerados o “grande inimigo”, “não está fora de questão”, tal como uma incursão militar em Taiwan, como a que a Rússia fez na Ucrânia.

Pelosi visitou Taiwan… a pensar na política interna

Já o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz, afirma à Renascença estar convicto de que “não passa pela cabeça” de Pequim a ideia de atacar Taiwan e crê que Xi Jinping continuará a apostar em sanções económicas.

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"Posição de Portugal sobre Taiwan é muito clara" - Martins da Cruz

Nos EUA, a reação à visita daquela que é a terceira figura de Estado norte-americano foi de incómodo. com Martins da Cruz a não ter dúvidas de que Pelosi “se rege por interesses próprios” e que uma das razões para a sua passagem por Taiwan pode ter a ver com a perda de maioria na Câmara dos Representantes, como as sondagens sugerem, nas eleições que se realizam no próximo mês de novembro.

Para o jornalista José Alberto Lemos, a Casa Branca considerou a visita de Nancy Pelosi “imprudente”, em particular no contexto de guerra na Ucrânia e sob risco de uma aproximação política entre Pequim e Moscovo.

Isto porque, apesar da aproximação da presidente da Câmara dos Representantes, os EUA mantêm a sua posição de “reconhecer a China como um só país”, não sendo favoráveis à anexação de Taiwan por parte de Pequim.

Esta é também a posição de Portugal, assinada numa declaração conjunta em 2018, quando já era primeiro-ministro António Costa, durante uma visita de Xi Jinping a Lisboa, e que assume Taiwan como parte da posição de “uma só China”, idêntica à de Pequim.

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"Casa Branca encara visita como imprudência" - José Alberto Lemos
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