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Terrorismo em Moçambique. Número de crianças raptadas pode ser a ponta do icebergue

01 jul, 2021 - 18:33 • Henrique Cunha

Em entrevista à Renascença, o padre Kwiriwi Fonseca afirma que os deslocados não param de aumentar e o número de crianças raptadas pelos jihadistas possa ser muito superior ao avançado pela organização Save The Children.

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O responsável pela área de comunicação da Diocese de Pemba relata o continuo aumento de deslocados na região de Cabo Delgado, em Moçambique.

Em entrevista à Renascença, o padre Kwiriwi Fonseca admite que o número de crianças raptadas pelos jihadistas possa ser muito superior ao avançado pela organização Save The Children, que aponta para o rapto de mais de 50 crianças no primeiro semestre do ano.

O número de pessoas em fuga em Moçambique continua a aumentar. Os últimos dados apontavam para cerca de 750 mil deslocados, mas o sacerdote garante que “o número de deslocados cresce porque muitos dos que se refugiaram nas matas estão agora a chegar a Pemba, depois de tentativas de ir para a Tanzânia, ou para outras regiões de Moçambique, como Nangade ou Moeda”.

“Ao perceberem que lá o apoio não tem sido melhor, preferem recorrer a Pemba, porque Pemba é um lugar que tem apoio porque tem muitas organizações”, refere.

O responsável pela comunicação da Diocese de Pemba afirma haver “uma vontade enorme de as pessoas voltarem” à Vila de Palma, depois dos ataques terroristas de março.

Adianta que, “conversando com muitos deles, eles sonham um dia voltar, mas não nesta circunstância até porque a região já é declarada um teatro operacional, ou seja, toda aquela região de Palma”.

O sacerdote refere que, “mesmo tendo o sonho de voltar, agora é difícil porque ainda não foram esses distritos declarados seguros, apesar de uma ou outra vez o Governo por meio dos responsáveis pelas forças de defesa ter mostrado que a situação está relativamente controlada”. “Mas em contrapartida os que fogem de lá para Pemba têm-nos dito que lá continua inseguro”, adverte.

Número de crianças raptadas superior aos dados revelados

Superior deverá ser também o número das crianças raptadas pelos terroristas, sobretudo para se tornarem crianças soldado.

De acordo com a organização Save The Children, só no primeiro semestre do ano terão ocorrido 50 raptos, mas “esses dados são bastante parciais tendo em vista que existe o medo de denunciar e muitas vezes os pais alegam que só (a criança) desapareceu”, diz o padre Fonseca.

“O termo que muitas mães usam é que desapareceu e isso não nos permite ter um dado oficial de quantas crianças de facto foram raptadas ou se encontram nas mãos dos terroristas.”

“O alerta do rapto de crianças verificou-se quando duas missionárias brasileiras que trabalhavam na missão de Mocimboa da Praia foram raptadas e ficaram lá 24 dias e voltando disseram que de facto além de várias mulheres, vários homens jovens, naquelas bases também se encontravam crianças”, relata o responsável pela comunicação da Diocese de Pemba.

Por outro lado, o sacerdote revela que nas pesquisas efetuadas “há mulheres que choram pelo desaparecimento dos seus filhos e encontramos algumas vindas de Macomia ou de outras regiões próximas”.

“Uma mulher falava do rapto de dois dos seus filhos e um terceiro que tinha sido raptado tinha sido devolvido”. “Então além de captações e das barbaridades que cometem, também raptam crianças”, sublinha.

Igreja de Pemba mantém vigilância

A Igreja de Pemba vive, por estes dias, uma situação de normalidade, embora “se mantenha em alerta e vigilância porque o sentimento de insegurança persiste”.

O pare Kwiriwi Fonseca adianta que na Diocese se está a trabalhar normalmente, mas “em estado de vigilância porque nos sentimos inseguros”.

“O nosso administrador apostólico, D. António Juliasse, tenta incentivar, tenta animar cada um dos religiosos que se encontra na Diocese e apela à calma e à coragem apesar desse fenómeno de insegurança”, sublinha.

Nos breves encontros que tem realizado, o administrador apostólico tem tentado sensibilizar e perceber que a etapa de formação exige mais tranquilidade. “Ele aconselhou que as casas de formação funcionassem por agora fora da Diocese”, explica o padre Fonseca.

“E quando houve alertas de que Pemba era considerada uma cidade insegura, apesar de não haver ataques, algumas superioras das religiosas, sobretudo as que têm casas de formação, aconselharam a sair de Pemba”, revela o sacerdote.

Assim, “verificou-se a saída de duas congregações. Uma está em Tete, no caso As Servas da Anunciação. A outra, a das Irmãs Pastorellas está aqui numa cidade perto, na cidade de Nampula”, conclui.

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