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Diretor do "New York Times" acusa Trump de pôr em risco a vida dos jornalistas

18 nov, 2019 - 15:51 • Redação

A relação do Presidente norte-americano com os media tem estado envolta em polémica desde o início do seu mandato. Em 2018, mais de 350 jornais juntaram-se para denunciar a política de Trump no que diz respeito à liberdade de imprensa.

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O diretor executivo do "New York Times", Dean Baquet, criticou esta segunda-feira os ataques de Donald Trump aos jornalistas, dizendo que põem em risco a vida dos jornalistas do seu e de outros jornais.

Em entrevista ao diário britânico "The Guardian", Baquet diz que, ao incentivar ameaças pessoais e descrever os jornalistas como “inimigos do povo”, o Presidente norte-americano está a colocar a vida destes profissionais em risco, considerando os sucessivos comentários do chefe de Estado “chocantes” e desadequados ao cargo que ocupa.

“Penso que quando ele ataca jornalistas e lhes chama nomes, isso põe as suas vidas em risco. Quando ofende os jornalistas, publicitando os nomes deles, afirmando que não são americanos, que são inimigos do povo… esta frase tem uma história profunda. Acho que, quando ele diz isto, é um ataque chocante à imprensa.”

Apesar desta tensão permanente entre Trump e os media, e em particular com o "New York Times", Baquet tem imposto uma linha editorial que se abstém de classificar as ações do Presidente. Esta opção de fundo tem gerado críticas à publicação norte-americana por parte da esquerda, que considera inaceitável que não classifique certos comportamentos do Presidente como “racistas” ou “sexistas”.

O diretor do diário nova-iorquino admite que tanto leitores como colaboradores internos da publicação têm pedido uma abordagem mais crítica às ações de Trump. Contudo, Baquet defende que o objetivo do seu trabalho e o da sua equipa é “abordar o mundo com tremenda curiosidade” mais do que atuar como oposição ao atual Presidente dos EUA.

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Recusando-se a afirmar que o Presidente norte-americano é racista, mas assumindo que este faz afirmações que provocam divisões raciais, o jornalista diz que não é preciso qualificar as ações com adjetivos para que as pessoas percebam o que estas representam e as suas consequências.

Apesar de ter consciência de que os colaboradores mais jovens gostariam de um "New York Times" assumidamente mais político, Baquet diz esperar que, a longo prazo, percebam que um jornal que se mantém imparcial tem muito mais poder e longevidade. E afirma que a credibilidade dada à reportagem sobre a situação fiscal de Trump - que continua a recusar divulgar as suas declarações de rendimentos - decorre desta imparcialidade. “Não teriam acreditado se tivesse surgido através de uma publicação que, nos últimos dois anos, atacou sistematicamente Donald Trump.”

Dean Baquet conclui dizendo que consegue ver, de forma clara, diversas semelhanças entre a eleição de Trump em 2016 e o processo do Brexit, iniciada no mesmo ano com um referendo à saída do Reino Unido da União Europeia. Sobre isto, o diretor do NYT diz que, na sua opinião, os media têm falhado na compreensão das razões que levam as pessoas a votar nestas ou noutras alternativas ao statu quo.

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