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A tapeçaria, o 25 de abril e os oceanos. Costa esteve na ONU e despediu-se de Guterres

18 mar, 2024 - 19:26 • Lusa

António Costa foi entregar tapeçaria portuguesa à ONU, feita de desperdício têxtil, e aproveitou para falar da proteção dos oceanos.

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António Costa "despediu-se" esta segunda-feira de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, durante uma ida a Nova Iorque, onde se deslocou para oferecer uma tapeçaria portuguesa à ONU. O primeiro-ministro, que à margem da cerimónia falou com os jornalistas, destacou as mudanças significativas que o 25 de Abril proporcionou a Portugal no âmbito das Nações Unidas e defendeu também a troca de dívida por investimento nas economias "verde e azul".

"Se houve algo que mudou significativamente com o 25 de Abril, teve a ver com a nossa participação nas Nações Unidas. Entre 1961 e 1974, Portugal foi objeto de mais de 50 condenações pelo Conselho de Segurança ou pela Assembleia Geral das Nações Unidas", assinalou Costa.

"Hoje, felizmente, 50 anos depois, somos um país democrático, em paz, aberto ao mundo e que nos podemos orgulhar, não só de não estarmos isolados, como de termos um português como secretário-geral das Nações Unidas", acrescentou António Costa.

Sobre a tapeçaria de Vanessa Barragão, "Coral Vivo", Costa disse que "celebra a importância e riqueza dos recifes de coral, um ecossistema com a maior biodiversidade do mundo". A peça vai integrar a exposição permanente no edifício-sede das Nações Unidas e, com a doação, o Governo "pretende valorizar a participação ativa" do país na organização e o seu "papel cimeiro" na agenda dos oceanos.

Ao mesmo tempo, Portugal reconhece "o papel de António Guterres no combate às alterações climáticas e na defesa intransigente de uma agenda pela sustentabilidade e pela ação oceânica.

Costa afirmou que atapeçaria representa também o compromisso de Portugal com os oceanos e com a preservação do planeta.

"Estamos muito empenhados na proteção dos oceanos, desde logo, como elemento fundamental para combater as alterações climáticas", disse. "E fazemo-los através de uma peça de uma jovem artista já nascida bastante depois do 25 de Abril e que constrói as suas tapeçarias com desperdício das fábricas de têxteis. Portanto, é uma forma de reutilizar e reciclar também o desperdício, e é um segundo compromisso que nós temos com aquilo que é a necessidade de preservar o nosso planeta", concluiu.

Questionado sobre se a sua presença na ONU poderá ajudar na campanha de Portugal para o órgão das Nações Unidas, Costa disse esperar "pelo menos que não prejudique", mas que, "naturalmente, é uma forma também de" Portugal sinalizar que "é parte integrante de uma grande Aliança e que tem uma grande preocupação com a proteção dos oceanos".

Focando-se particularmente na proteção dos pequenos Estados insulares, António Costa defendeu a troca de dívida por investimentos relacionados com a transição climática.

"Tivemos com Cabo Verde e São Tomé e Príncipe duas iniciativas pioneiras de troca de dívida por investimento na economia verde e na economia azul. É uma boa prática que tem vindo a ser gerida pelas Nações Unidas e nós estamos na linha da frente com Cabo Verde e com São Tomé", defendeu. "É uma boa prática que esperemos que outros países possam também generalizar, que é a troca de dívida pela capacidade dos pequenos países insulares poderem investir mais na sua transição verde e na valorização da economia do mar", acrescentou.

Portugal tem em curso uma campanha para a eleição do Conselho de Segurança - um dos órgão mais importantes das Nações Unidas, cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional - que acontece em 2026, para o biénio 2027/2028.

Portugal - que já foi membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU por três vezes - tem como adversários diretos a Alemanha e a Áustria, numa disputa pelos dois lugares de membros não permanentes atribuídos ao grupo da Europa Ocidental e Outros Estados.

A candidatura foi formalizada em janeiro de 2013 e as eleições para o referido mandato realizam-se durante a 81.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 2026, ano em que António Guterres termina o segundo mandato de cinco anos como secretário-geral da ONU.

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