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CDS-PP

A mais breve noite eleitoral de Assunção Cristas

07 out, 2019 - 00:09 • João Cunha

Com uma derrota quase ao nível da de 1987, a líder do CDS anunciou que vai pedir ao Conselho Nacional do partido um congresso extraordinário, no qual não será recandidata à liderança. Quase voltámos a chamar ao grupo parlamentar centrista o partido do táxi.

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Cristas vai deixar liderança do CDS. "Dei o meu melhor durante quatro anos"
Cristas vai deixar liderança do CDS. "Dei o meu melhor durante quatro anos"

Pouco depois de se conhecerem as primeiras sondagens, foi Diogo Feio quem veio falar aos jornalistas, para dizer que os números da abstenção “representam um desafio para o futuro, um elemento de reflexão para os partidos”. E ressalvou ainda o facto de, numa eleição em que “apareceram mais partidos, a abstenção não baixou”.

Depois de conhecidas as projeções, que davam já conta de um mau resultado para o partido, foi Assunção Cristas quem falou - uma hora depois de conhecidas essas projeções. Mau sinal ser logo a líder do partido a falar. Porque não haveria muito para dizer e porque, falando a líder, já nenhum dos elementos da cúpula dos centristas iria falar.

Depois de felicitar o PS pelo resultado, desejando a António Costa “sorte na condução dos destinos do país”, Cristas sublinhou que durante quatro anos o “CDS foi uma oposição forte e construtiva a um Governo socialista apoiado pelo Bloco de Esquerda, pela CDU e também pelo PAN”, com o CDS a sentir-se muitas vezes uma “voz isolada no Parlamento”.

”Construímos um projeto alternativo para o país que claramente não foi escolhido nestas eleições”, declarou. E por isso disse assumir o resultado com “humildade democrática”.

A ainda líder do CDS-PP diz ter “a certeza de que o CDS, partido estruturante da nossa democracia, encontrará forma de construir o seu futuro e contribuir para a construção de uma alternativa de centro-direita em Portugal”.

Esse futuro que não passa pela atual presidente do CDS, que anunciou que vai pedir ao Conselho Nacional do CDS a realização de um congresso antecipado. Entende Cristas que deu o seu "melhor" e que, face aos resultados, não se vai recandidatar à presidência do CDS-PP.

Posto isto, nada de perguntas dos jornalistas. Nem à saída do Largo do Caldas, onde a esperavam o marido e alguns dos filhos.

Conhecidos os resultados, uma certeza: foi uma estrondosa derrota do CDS, aquela que o partido sofreu esta noite. Perdeu a maioria dos seus deputados no hemiciclo.

Em 2015, com a PAF, em coligação com o PSD, o CDS-PP tinha conquistado 18 assentos parlamentares. Sozinho, nas legislativas de 2011, tinha eleito 24 deputados e obtido 11,7% dos votos.

Nestas legislativas, fica-se pelos cinco deputados. E para essa queda de mandatos terão contribuído os pequenos partidos surgidos à direita, provocando uma dispersão de votos que acabou por prejudicar o CDS.

Pior do que o resultado desta noite só o obtido em 1987, quando o PSD venceu com maioria absoluta e o CDS obteve 4,4%, na altura traduzidos em quatro deputados. E cinco deputados nas legislativas de 1991. Certo é que, em 2019, foi por pouco que não pudemos voltar a chamar ao grupo parlamentar do CDS o partido do táxi.
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  • Cidadao
    07 out, 2019 Lisboa 12:10
    Já se esperava: Assunção Cristas era um cadaver político, queimada pela passagem pouco feliz como ministra no governo PAF, e com uma sucessão de erros como líder do CDS. Deslumbrou-se com um bom resultado nas autárquicas - quando a candidata PSD esteve "ausente" - e começou a ver-se como possível primeira-ministra. Um deslumbramento que lhe saiu caro, a ela e ao CDS.

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